Foi na base do sofrimento, mas o Bayern venceu o Wolfsburg por 3 a 2 na partida que marcou tanto a estreia do Gigante da Baviera na nova temporada europeia, quanto o primeiro jogo dos bávaros sob a liderança de Vincent Kompany.
Pois é, em meio a um ótimo primeiro tempo motivado pelo revigorante início de uma nova temporada e por um futebol dinâmico e intenso, o Bayern de Munique não demorou para abrir o placar na Volkswagen Arena através de Jamal Musiala, aos 18 minutos, após assistência de Sacha Boey. Embora atuando mais recuado no meio-campo para começar a construção das jogadas desde a defesa, o camisa 42 sempre levou perigo nos avanços ao ataque.
Em contrapartida, tudo mudou completamente na etapa final, deixando até a impressão que o Bayern encorporou novamente o espírito da temporada passada, pois além da malemolência, os erros defensivos cometidos pelos bávaros voltaram a se repetir. A começar pelo pênalti infantil do lateral-direito Sacha Boey poucos segundos depois do início do segundo tempo.
Por sinal, a partida realizada por Sacha Boey deixou evidente a sua dificuldade em jogar sem a bola, o que não acontece na fase ofensiva devido ao estilo mais agudo do lateral francês. Por isso, apesar da penalidade cometida na Volkswagen Arena, a avaliação do ex-jogador do Galatasaray acabou sendo positiva não somente em razão da assistência concedida no primeiro gol, como também por conta das boas investidas à linha de fundo.
Contudo, a perda de bola de Kim Min-jae, aos 10 minutos, resultou na inesperada reviravolta do Wolfsburg. A propósito, essa foi apenas uma das inúmeras falhas dos zagueiros do Bayern de Munique ao longo da partida. Quer dizer, algo também recorrente da última temporada repleta de erros do sul-coreano e, principalmente, de Dayot Upamecano.
Na realidade, é incompreensível o fato de Vincent Kompany ter escalado Dayot Upamecano e Kim Min-jae como a dupla de zaga titular na estreia do Bayern na Bundesliga, afinal, tratam-se de duas escolhas questionáveis dentro do plantel que ainda tem como alternativas o recém-contratado Hiroki Ito, o inglês Eric Dier — a melhor das opções, que deu maior estabilidade a defesa após entrar no segundo tempo —, além do novato Tarek Buchmann, atualmente lesionado.
Vale ressaltar ainda, que neste meio de ano o Bayern aceitou negociar Matthijs de Ligt ao Manchester United. Embora a oferta de 45 milhões de euros por parte dos ingleses tenha sido acima dos padrões para um zagueiro de 25 anos de idade, é inegável que tratava-se do melhor defensor do elenco bávaro, isto é, aquele que menos errava e, evidentemente, potencializava o futebol do parceiro de zaga.
⚠️ Compilado de falhas da dupla de zaga Dayot Upamecano e Kim Min–jae em Wolfsburg 2–3 Bayern de Munique.
— Bundesliga Insider (@BundesInsider) August 25, 2024
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Não obstante, outro ponto negativo deste novo ciclo de Vincent Kompany à frente do Bayern de Munique foi a escalação de Aleksandar Pavlovic e Joshua Kimmich no meio-campo, em outras palavras, a mesma dupla de volantes da temporada anterior. Enquanto isso, João Palhinha, a primeira peça contratada pelo clube alemão para preencher a lacuna deixada desde a saída de Javi Martínez em 2021, acabou ficando a partida inteira no banco de reservas.
Em todo o caso, precisando ousar por estar em desvatagem no marcador, Vincent Kompany decidiu colocar Thomas Muller no lugar de Sacha Boey, mudança esta, que surtiu efeito imediato com o gol contra de Jakub Kaminski acontecendo graças a forte pressão exercida pelo veterano atacante alemão em sua primeira ação no jogo. Posteriormente, a entrada de Kingsley Coman na vaga do desgastado Michael Olise — que convenceu em sua estreia — aumentou o ritmo e a intesidade do Bayern, premiado com o tento tardio de Serge Gnabry a sete minutos do apito final.
Com 474 jogos disputados pela Bundesliga, Thomas Muller superou Sepp Maier como o jogador com mais partidas na história da competição.
Assim, Vincent Kompany respirou aliviado ao retornar à Baviera com os três pontos na bagagem, a julgar que um empate no jogo de estreia seria uma verdadeira tragédia ao pressionado treinador que chegou ao Bayern sendo a quinta ou sexta opção para suceder Thomas Tuchel. Obviamente, a falta de experiência somada ao rebaixamento do Burnley na temporada 2023-24, são fatores que geram enorme desconfiança nos torcedores bávaros.
Ao mesmo tempo, seria impossível exigir que Vincent Kompany realizasse uma revolução logo em seu primeiro jogo no comando do Bayern, sobretudo porque a movimentação do clube na janela de transferências foi tímida ao trazer somente Michael Olise, João Palhinha e Hiroki Ito, lembrando que apenas o atacante francês esteve em campo na Volkswagem Arena, o que significa que o time era praticamente o mesmo de Thomas Tuchel.
Portanto, as questões em torno do trabalho do ex-técnico do Burnley não envolvem tanto o futebol praticado pela equipe, mas sim a capacidade de Vincent Kompany em gerir o conturbado vestiário do Bayern, composto por alguns medalhões donos de altíssimos salários que, por exemplo, terão uma menor minutagem no decorrer da temporada. Então, como ele administrará essa situação? Logo, é essencial que resultados positivos sejam conquistados para diminuir a pressão que o rodeia.
Ademais, soma-se a isso o ponto do maior campeão alemão de todos os tempos ter um concorrente a altura para competir na Bundesliga, como é o caso do Bayer Leverkusen. E passar o segundo ano consecutivo sem erguer nenhum caneco, certamente, representará o precoce adeus de Vincent Kompany ao término de sua primeira temporada no clube.
Deste modo, diversos são os paradigmas que determinarão o sucesso, ou não, de Vincent Kompany na Baviera. E como existe pouca margem para erros, o triunfo diante do Wolfsburg teve um peso relevante, apesar da nítida sensação de que nada mudou com a chegada do técnico belga, a não ser o empenho dos jogadores na busca pela virada.