O abismo em que o Manchester City se meteu vem ficando mais fundo a cada partida disputada, tendo em vista que os atuais tetracampeões ingleses já contabilizam cinco jogos sem vitórias, e apenas um triunfo nos últimos treze compromissos.
É até difícil de acreditar, porém o mais novo jogo que compõe esta inédita série negativa na carreira de Pep Guardiola veio na rodada de Boxing Day da Premier League, em que os Citizens somente empataram em 1 a 1 com o Everton, 15º colocado na tabela da Premier League, em pleno Etihad Stadium. Entretanto, um resultado que teve sabor de derrota ao City, especialmente em função do pênalti desperdiçado por Erling Haaland, aos 8 minutos do segundo tempo.
Consequentemente, o Manchester City encerrou o feriado do Boxing Day estacionado na sétima posição da Premier League com 28 pontos, ao lado de Fulham e Aston Villa. Além disso, com a vitória do Nottingham Forest, a distância dos pupilos de Pep Guardiola em relação ao G-4 aumentou para SEIS pontos, o que coloca em risco a participação do clube na próxima edição da Champions League.
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— Premier League (@premierleague) December 26, 2024
Na realidade, desde que o Manchester City deu início a essa abrupta queda de rendimento, o principal questionamento em torno do time era referente ao título inglês, no caso, a caminhada rumo ao pentacampeonato da Premier League. Posteriormente, a dúvida era se os Citizens brigariam pelo vice com Arsenal e Chelsea. Hoje, o que está em xeque é a possível não classificação à Champions League após 14 temporada seguidas disputando o torneio continental.
Vale ressaltar que o grupo dos quatro clubes mais bem posicionados da Premier League, que garantem vaga direta à Champions League, pode se estender pra cinco, mas isso dependerá da campanha dos ingleses nas competições europeias nesta temporada. Deste modo, o próprio Manchester City precisa se ajudar, uma vez que o atual 22º lugar no torneio o mantém na zona limite de qualificação aos playoffs disputados entre o 9º e o 24º colocados.
O único time que esteve na Champions League nos últimos 11 ou 12 anos foi o Manchester City. Se não nos classificarmos é porque não merecemos. Porque não estávamos preparados, porque tivemos muitos problemas e não encontramos uma maneira de resolvê-los e vencer os jogos.
Pep Gardiola, treinador do Manchester City
Logo, sob o risco de ficar de fora da Champions League, o que lhe renderia uma acentuada diminuição nas receitas, o Manchester City promete investir pesado nessa janela de transferências de janeiro, ainda que os valores dos jogadores sejam muito mais elevados neste período de meio de temporada, afinal, o diagnóstico de Pep Guardiola para a crise vivida no Etihad Stadium são as lesões. Neste último jogo contra o Everton, eram oito o número de desfalques.
Seja como for, a péssima fase do Manchester City vem rendendo duras críticas ao treinador Pep Guardiola, a ponto da qualidade do treinador espanhol estar sendo discutida, já que para muitas pessoas ele só consegue realizar bons trabalhos quando tem elencos fortes à disposição, e na primeira oportunidade que as coisas saíram do controle e sua equipe perdeu figuras relevantes o treinador do City não sabe mais o que fazer. Querendo ou não, trata-se de um debate interessante.
Obviamente, a gravíssima contusão sofrida por Rodri no início da temporada comprometeu o Manchester City, mas embora significativa a ausência do volante espanhol não justifica todo o péssimo desempenho do time, até porque se fosse assim ele seria um novo Pelé que joga por onze atletas em campo. Ademais, é inegável que a sucessão de lesões vem prejudicando o City — como ocorreria com qualquer outra equipe, seja ela de alto nível técnico ou não —, todavia, a falta de confiança e a má preparação física dos jogadores atrapalha o clube tanto quanto os problemas médicos.
A propósito, basta pegarmos como exemplo a comemoração de Bernardo Silva no gol marcado diante do Everton, no qual ele e os demais companheiros extravasam na comemoração como uma espécie de alívio por terem balançado as redes. Quer dizer, uma situação pra lá de incomum em se tratando do clube seis vezes campeão inglês nos últimos sete anos. Soma-se a isso, o fato de Erling Haaland ter perdido o segundo pênalti consecutivo na temporada, e o primeiro na Premier League desde agosto de 2023. Em outras palavras, condições que demonstram total insegurança por parte dos Citizens.
Considerando as últimas nove rodadas da Premier League, os Citizens são donos da pontuação mais baixa do campeonato. Foram apenas 5 de 27 possíveis pontos conquistados por eles.
Como resultado, o Manchester City passou a cometer inúmeros erros e, assim, levar mais gols, foram 28 sofridos ao longo desta ingrata série dos últimos 13 jogos, além de marcar menos vezes. Não à toa, neste interím Erling Haaland assinalou dois míseros tentos, contra outros dois de Phil Foden e Bernardo Silva, e um de Jérémy Doku e Kevin De Bruyne, ao passo que Jack Grealish não estufa as redes desde 16 de dezembro do ano passado.
Fisicamente, o Manchester City também vem acusando o golpe com a maioria dos atletas extenuados no final dos jogos. Por ter um elenco curto — devido a própria escolha — e muitos jogadores no departamento médico, o calendário se torna mais pesado ao clube. E sem contar que o plantel é composto por algumas peças que já superaram a barreira dos 30 anos de idade, como são os casos de Éderson, Kyle Walker, Ilkay Gundogan, Bernardo Silva e Kevin De Bruyne, o que significa que existe a necessidade da renovação da equipe que há cinco meses faturava o tetra da Premier League. Pois é, e ainda pensar que Cole Palmer foi descartado por Pep Guardiola.
Por fim, o único ponto que não existe discussão no Manchester City é a entrega dos jogadores, o que se subentende que Pep Guardiola não perdeu o vestiário como até poderia se imaginar diante das atuais circunstâncias. É natural vermos todos correndo intensamente durante as partidas para recompor a marcação e fechar os espaços, mas sem Rodri — e com Mateo Kovacic ou John Stones falhando ao desempenhar a sua função — a defesa realmente fica bastante vulnerável. Aliás, é por este motivo que o clube inglês prioriza a contratação de um volante com as mesmas características do camisa 16 na próxima janela, isto é, uma missão complicadíssima, dada a escassez de opções.
Portanto, fazendo uma tradicional analogia, fica claro que Pep Guardiola precisará trocar o pneu do carro em movimento para colocar o Manchester City novamente no caminho das vitórias e, quiçá, ao menos conquistar a classificação à Champions League, algo que estaria de bom tamanho na pior temporada do City na Premier League em 16 anos.