O Real Madrid despertou na temporada. Então, os adversários que se cuidem!

Há exatos 83 dias, o Real Madrid caía diante do Barcelona por 4 a 0 em pleno Santiago Bernabéu no primeiro El Clásico da temporada 2024-25, dando início a uma crise que ganhou proporções ainda maiores após a derrota por 3 a 1 no compromisso frente o Milan, também na capital espanhola.

Não à toa, até mesmo a continuidade de Carlo Ancelotti chegou a ser questionada naquele conturbado início de novembro. Ainda assim, pior que a pressão sobre o treinador italiano eram as cobranças em torno de Kylian Mbappé, que além do baixo número de gols, passou em branco em meio a apagada atuação marcada por oito impedimentos no El Clásico. Como resultado, os atuais campeões europeus e espanhóis encerraram a 11ª rodada da LaLiga separados a seis pontos do Barcelona na tabela do campeonato.

E como se tudo isso não bastasse, o Real Madrid viu os problemas referentes as lesões se estenderem para essa temporada por intermédio das graves contusões de Dani Carvajal e Éder Militão, que deixaram o elenco madridista apenas com Antonio Rudiger e o inutilizado Jesús Vallejo como opções para a zaga. Consequentemente, Carlo Ancelotti promoveu a entrada do novato Raúl Asencio na equipe durante as ausências do improvisado Aurélien Tchouaméni.

Em contrapartida, hoje o cenário é outro pelos lados do Santiago Bernabéu, tendo em vista que os pupilos de Carlo Ancelotti lideram a LaLiga com 43 pontos, isto é, obtendo CINCO de vantagem em comparação ao terceiro colocado Barcelona, o que significa que o Real Madrid aproveitou os deslizes do Barça para contabilizar 11 pontos a mais em um curto espaço de dois meses e meio, lembrando que o Atlético de Madrid ocupa a segunda posição com um jogo a menos.

Como dizia Carlo Ancelotti, o começo irregular de Kylian Mbappé foi decorrente do processo de adaptação do craque francês no Real Madrid, ou seja, algo absolutamente natural. Isso explica porque o ex-atacante do PSG já é o artilheiro dos merengues na LaLiga com 10 tentos assinalados, além de ser também o principal goleador do time na temporada ao lado de Vinícius Júnior, ambos com 13 gols marcados.

Em todo o caso, é inegável que a sensação do Real Madrid até aqui na temporada responde pelo nome de Jude Bellingham, inclusive, as excelentes atuações do meio-campista inglês geram constantes comparações ao ídolo madridista Zinedine Zidane. Sim, o fato dos dois usarem o mesmo número 5 contribui para essa analogia, mas mais do que isso é o futebol praticado pelo ex-jogador do Borussia Dortmund que trazem à tona essa correlação.

Somente nessa temporada, Jude Bellingham já balançou as redes oito vezes e concedeu sete assistências, o que corresponde ao montante de 15 participações em gols. Aliás, mais uma vez ele foi decisivo na rodada passada da LaLiga ao marcar o gol da vitória sobre o Valencia nos acréscimos, depois de ter desperdiçado um pênalti no começo do segundo tempo, demostrando assim, uma enorme capacidade mental no sempre hostil estádio Mestalla.

Por outro lado, o mesmo não podemos dizer a respeito de Vinícius Júnior, expulso aos 34 minutos da etapa final, momento em que o Real Madrid perdia do Valencia pelo placar mínimo, por ter empurrado o rosto do goleiro Stole Dimitrievski. Embora este tenha sido o primeiro cartão vermelho recebido pelo atacante brasileiro defendendo o Real Madrid na atual temporada, é importante salientar que ele voltava de suspensão neste jogo em razão do acumulo de cartões amarelos — são oito, no geral.

Vale ressaltar que esse descontrole por parte de Vinícius Júnior não é novidade, a julgar por sua quase expulsão no jogo de volta das oitavas-de-final da temporada passada da Champions League contra o RB Leipzig no Santiago Bernabéu, em que ele só não recebeu o cartão vermelho devido a boa vontade do árbitro Davide Massa, depois de se envolver num desnecessário entrevero junto ao zagueiro adversário Willy Orban. Caso a atitude do juiz italiano fosse de maior austeridade, certamente a campanha do Real Madrid rumo ao 15º título europeu ficaria comprometida sem o camisa 7 no embate seguinte ante o Manchester City.

Além disso, tornou-se rotina vermos Vinícius Júnior discutindo com árbitros e entrando em atrito com jogadores adversários, que por saberem desta sua fragilidade psicológica, acabam o provocando em campo. Contra o Valencia, já eram esperadas fortes provocações em virtude do pesado histórico de racismo sofrido por ele no Mestalla. Entretanto, neste último jogo não houve nenhum relato deste crime abjeto, e mesmo assim o camisa 7 perdeu a cabeça.

Portanto, é fundamental que Vinícius Júnior evolua neste sentido para não prejudicar os demais companheiros, pois nem sempre eles conseguirão uma retomada como essa no Mestalla, e o maior prejudicado será o Real Madrid, afinal, dentro de campo Vini Jr. continua desequilibrando. Na realidade, o próprio atacante da Seleção Brasileira sabe disso, vide a sua postagem na rede ‘X’ depois da vitória por 2 a 1, ao pedir desculpas e agradecer o grupo.

De qualquer maneira, a épica virada após a expulsão de Vinícius Júnior no Mestalla retrata o poder de superação do Real Madrid, que definitivamente se recuperou na temporada pelo fato de Carlo Ancelotti ter encontrado a formação ideal ao time que até a temporada anterior utilizava o 4-4-2, e passou a adotar o 4-2-3-1, com Rodrygo, Jude Bellingham e Vinícius Júnior atuando como meias ofensivos, e Kylian Mbappé jogando como referência no ataque.

A grande preocupação de Carlo Ancelotti era em relação a parte defensiva, pois ao escalar as quatro principais peças ofensivas do Real Madrid juntas em campo a defesa ficaria vulnerável. Todavia, tanto Jude Bellingham quanto Rodrygo estão recompondo a marcação no meio de forma eficaz, dando suporte aos volantes Dani Ceballos e Federico Valverde. À vista disso, a média de gols sofridos pelos merengues caiu para um por partida após o término do primeiro turno da competição.

Em outras palavras, o Real Madrid despertou na temporada, sendo esta a pior notícia possível aos adversários.

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