Jamais subestime o Atlético de Madrid

Ainda que válida pela fase de liga da Champions League, a partida contra o Bayer Leverkusen representava uma verdadeira decisão de campeonato ao Atlético de Madrid em função de todo o contexto que rodeava a visita dos atuais campeões alemães ao estádio Metropolitano.

A começar porque os Colchoneros estariam diante do melhor oponente em seus domínios até aqui na temporada, inclusive superior ao Real Madrid, que quando os enfrentou no final de setembro atravessava uma fase irregular, lembrando que a derrota do Atlético de Madrid pelo placar mínimo frente o modesto Leganés na rodada anterior da LaLiga encerrou a série de 15 vitórias seguidas da equipe na temporada, aliás, a sequência mais longa sob o comando de Diego Simeone.

Ademais, a forte ligação envolvendo o treinador Xabi Alonso junto ao Real Madrid, clube pelo qual ele atuou profissionalmente entre 2009 e 2014, também colaborou para aumentar o clima de hostilidade por parte da torcida do Atlético de Madrid, pois não é surpresa pra ninguém que o Santiago Bernabéu se apresenta como o provável próximo destino do técnico do Bayer Leverkusen depois da saída de Carlo Ancelotti.

Deste modo, embora conhecido como o clube que nunca desiste, eram poucos ou quase nenhum os torcedores rojiblancos que imaginavam que o Atlético de Madrid sairia de campo com os três pontos após o término do primeiro tempo, afinal, o Bayer Leverkusen foi ao intervalo vencendo o jogo por 1 a 0, dominando as ações com 66% de posse de bola, e com um jogador a mais devido a expulsão de Pablo Barrios, aos 25 minutos.

No entanto, mais uma vez ficou provado que situações adversas fortalecem o Atlético de Madrid, já que mesmo em desvantagem numérica por cerca de 50 minutos, os pupilos de Diego Simeone foram capazes de equilibrar a partida e, de forma aguerrida, viraram o marcador. Por sinal, uma reviravolta que teve como destaque o novo ídolo do Atleti, Julián Alvarez, autor dos gols da vitória por 2 a 1.

Logo, ao mesmo tempo que o Manchester City se vangloria por ter um ataque formado por Erling Haaland e Phil Foden, o Liverpool por ter Mohamed Salah e Luis Díaz, o Real Madrid por ter Kylian Mbappé e Vinícius Júnior, o Barcelona por ter Robert Lewandowski e Raphinha, ou a Inter de Milão por ter Lautaro Martínez e Marcus Thuram, o Atlético de Madrid não fica pra trás pelo fato de contar com Julián Alvarez e Antoine Griezmann, que juntos já balançaram as redes o montante de 28 vezes na temporada.

Além disso, o Atlético de Madrid também se dá ao luxo de contar com Ángel Correa, que mesmo sendo reserva registra o total de 5 gols e três assistências em 28 aparições até então. A propósito, esse é um dado que revela a força do elenco dos Rojiblancos, certamente, o mais poderoso desde a chegada de Diego Simeone ao clube em 2011, um ponto até exaltado pelo treinador adversário Xabi Alonso na coletiva pré-jogo.

Não à toa, a qualidade do plantel, somada a variedade de opções no banco de reservas, permitem com que Diego Simeone modifique a forma do Atlético de Madrid jogar. Nesta partida ante o Bayer Leverkusen, por exemplo, o treinador argentino preferiu armá-lo de maneira defensiva no 5-4-1, formação que mudou ao 4-3-2 no segundo tempo com a entrada de Reinildo no lugar de Javi Galán na lateral-esquerda, enquanto Marcos Llorente, Rodrigo De Paul e Giuliano Simeone preencheram uma linha de três no meio-campo com Antoine Griezmann e Julián Alvarez no ataque.

Mas apesar da mudança tática, o Atlético de Madrid assinalou um índice ainda mais baixo de 25% de posse de bola nos 45 minutos finais da partida, o que retrata que o Cholismo segue rendendo o esperado, considerando que os Colchoneros também obtiveram taxas inferiores a 40% nas outras importantes vitórias sobre Barcelona e Paris Saint-Germain, ou seja, dois times que gostam de controlar os jogos assim como o Bayer Leverkusen.

Em todo o caso, ter a bola nunca foi uma preocupação ao Atlético de Madrid, de Diego Simeone, onde o que realmente importa são “as pernas e o coração”. Em contrapartida, as críticas em torno do Cholismo cresceram nos últimos anos à medida que jogadores de maior nível técnico foram sendo contratados e o Atleti não evoluia em campo, até mesmo a ponto da capacidade do treinador argentino ser questionada.

Todavia, as 15 recentes vitórias consecutivas do Atlético de Madrid, que lhe renderam a liderança da LaLiga, bem como as viradas sobre RB Leipzig (2×1), Leganés (3×1), Alavés (2×1), Cacereño (3×1) e Sevilla (4×3), além da atual quinta colocação na tabela da fase de liga da Champions League, encerraram qualquer tipo de dúvida em relação ao Cholismo.

Vale ressaltar que são 15 de 21 possíveis pontos conquistados pelo Atlético de Madrid na Champions League por intermédio da campanha composta por 5 vitórias, 2 derrotas, 16 gols marcados e 11 sofridos nos sete jogos realizados, o que significa que os Colchoneros estarão diretamente classificados às oitavas-de-final do torneio continental se conseguirem um simples triunfo contra o já eliminado, RB Salzburg, na última rodada da fase de liga.

Em outras palavras, mais uma confirmação de que Atlético de Madrid e Diego Simeone jamais devem ser subestimados, que o digam Barcelona, PSG e Bayer Leverkusen.

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