Deu a lógica no Etihad Stadium, e a temporada do Manchester City se aproxima do fim

O jogo de ida entre Manchester City e Real Madrid pelos playoffs de repescagem da Champions League tornou protocolar a partida de volta na próxima quarta-feira (19), uma vez que o revés por 3 a 2 dos ingleses só nos faz imaginar por quanto eles serão derrotados no Santiago Bernabéu.

A propósito, a repercussão da primeira vitória do Real Madrid até hoje no Etihad Stadium trouxe à tona épicas viradas dos atuais campeões europeus por meio de comentários e opiniões que fortalecem a tese do quão fantástica é a relação envolvendo os Merengues e a Champions League, algo que é absolutamente inegável em se tratando do clube que empilhou 15 orelhudas ao longo da trajetória.

Contudo, jamais desmerecendo a história do Real Madrid, a realidade é que essa questão não deve ser atribuída a este mais recente triunfo sobre o Manchester City, a começar porque os comandados de Pep Guardiola já sofreram diversas viradas no decorrer da pior temporada de todos os tempos do treinador espanhol, a julgar pela última derrota dos Citizens na própria Champions League, em que eles venciam o PSG por 2 a 0 no Parque dos Príncipes e, ainda assim, retornaram de Paris com uma goleada por 4 a 2 na bagagem.

Inclusive, podemos usar como exemplo até mesmo jogos em que o Manchester City não saiu de campo derrotado, como foi o caso do empate em 3 a 3 com o Feyenoord no Etihad Stadium, já que naquela oportunidade o City chegou a abrir uma vantagem de 3 a 0 no marcador. Quer mais? Na visita ao Brentford, pela 21ª rodada da Premier League, a vantagem era mais curta, no caso 2 a 0, porém a partida terminou empatada em 2 a 2.

Logo, é errado comparar essa reviravolta do Real Madrid com outras realmente “sobrenaturais”, como aquela por 3 a 1 diante do Manchester City na temporada 2021-22 através de dois milagrosos gols de Rodrygo nos acréscimos, que levaram o jogo à prorrogação onde Karim Benzema marcou o tento da classificação à final da Champions League após vitória dos ingleses por 4 a 3 no jogo de ida.

“Já aconteceu muitas vezes (viradas), se algo acontece muitas vezes é porque não consigo encontrar a solução. Foi o ano em que o Real Madrid esteve melhor, tínhamos um bom resultado e deixamos passar.

Pep Guardiola, treinador do Real Madrid

Diante deste cenário, o surreal mesmo era o Manchester City sustentar a vitória sobre o Real Madrid depois que Erling Haaland inaugurou a contagem no Etihad Stadium e, na etapa final, balançou as redes pela segunda vez para colocar o City mais uma vez à frente do placar, sobretudo porque os madrilenhos foram extremamente superiores em campo, a julgar pelas 20 finalizações registradas durante o jogo, sendo este o maior número de qualquer adversário contra os Citizens desde a chegada de Pep Guardiola em 2016.

Vale ressaltar que Pep Guardiola armou bem o Manchester City ao improvisar Manuel Akanji na lateral-direita, John Stones como volante, enquanto Rúben Dias e Nathan Aké formaram a dupla de zaga, e Josko Gvardiol atuou na lateral-esquerda. Deste modo, o ex-treinador do Barcelona e do Bayern de Munique fortaleceu o sistema defensivo da equipe, que vem sofrendo na temporada devido a ausência de Rodri.

Em contrapartida, a saída de Manuel Akanji no intervalo em função de uma lesão obrigou Pep Guardiola a promover a entrada de Rico Lewis em seu lugar na lateral-direita, o que, visivelmente, fragilizou o setor. Não à toa, Vinícius Júnior foi eleito o melhor jogador da partida, em especial, pela excelente exibição no segundo tempo, ao ter engolido o jovem meio-campista inglês.

Aliás, é importante destacar que Vinícius Júnior tinha motivos de sobra para brilhar no Etihad Stadium, isso porque tanto o Manchester City quanto os seus torcedores provocaram o craque brasileiro antes da bola rolar. O clube inglês, ao colocar um enorme banner com a foto de Rodri beijando a Bola de Ouro na entrada do vestiário do Real Madrid, e a torcida ao estender uma faixa direcionada ao camisa 7 com o nome da famosa canção Stop Crying Your Heart Out, da banda Oasis, traduzida como: “Pare de chorar com todo o seu coração”.

É óbvio que provocações fazem parte do futebol e, por vezes, desestabilizam o alvo atacado, então até aí nada contra. Todavia, é inegável que afrontar Vinícius Júnior no contexto atual em que o Manchester City atravessa uma má fase não foi uma atitude inteligente. Seria compreensível se isso acontecesse na temporada passada, quando o City o enfrentou pelas quartas-de-final da Champions League, mas hoje, definitivamente, não. Por sinal, basta vermos quem saiu rindo por último.

Seja como for, o estrago causado pela derrota com cara de eliminação do Manchester City é gigante, acima de tudo porque a temporada dos Citizens deve se resumir única e exclusivamente a briga pela vaga no G-4 da Premier League, embora restando três meses para o seu término. Em outras palavras, uma situação pra lá de inusitada aos tetracampeões ingleses.

Em todo o caso, o ideal é que o Manchester City utilize esse duro período para antecipar o planejamento visando a próxima temporada, já definindo o futuro dos jogadores da “velha guarda” e, ao mesmo tempo, dando maior minutagem aos jovens recém-contratados a fim de acelerar a adaptação de todos ao sistema de jogo da equipe. Além disso, a resolução dos problemas referentes aos 115 processos da Premier League precisa ser prioridade ao City.

De qualquer maneira, fica evidente que a provável precoce queda na Champions League, somada ao risco de não disputá-la pela primeira vez desde 2011, é o caríssimo preço que o Manchester City pode pagar por não ter renovado o plantel após o inédito tetracampeonato da Premier League.

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