A maldição da Champions League mais uma vez assombrou o Atlético de Madrid

Quando Connor Gallagher abriu o placar do Dérbi de Madrid aos 27 segundos de jogo, igualando rapidamente a contagem do placar agregado do clássico no estádio Metropolitano (2×2), a sensação era a de que o Atlético de Madrid, enfim, superaria o Real Madrid num mata-mata de Champions League.

Em contrapartida, seguindo à risca a filosofia do Cholismo, o Atlético de Madrid recuou as linhas optando por jogar em bloco baixo, passando a ceder a bola ao Real Madrid a fim de explorar os contra-ataques, isso porque que na cabeça de Diego Simeone a equipe sofrerá menos se atuar de forma compacta e bem posicionada na defesa do que ofensivamente, oferecendo espaços para transições do adversário.

Ainda assim, embora levemente, o Atlético de Madrid seguiu sendo o melhor time, em especial, por anular o Real Madrid que mesmo com o estrelado quarteto de ataque completo em campo não foi capaz de levar perigo ao gol de Jan Oblak. Do outro lado, Thibaut Courtois trabalhou mais ao realizar sete defesas, com destaque as duas difíceis intervenções nos arremates de Julián Alvarez.

Desta maneira, a mudança feita por Diego Simeone em relação à partida de ida, ao promover as entradas de Reinildo e Connor Gallagher na formação titular para ocupar as vagas de Javi Galán e Samuel Lino, surtiram o efeito esperado, a julgar que os Colchoneros conseguiram neutralizar o jogo de Rodrygo, destaque no Real Madrid no triunfo por 2 a 1 no Santiago Bernabéu.

Mas apesar de tamanha prudência por parte do Atlético de Madrid, saiu dos pés de Vinícius Júnior a chance mais clara do jogo, porém o craque brasileiro desperdiçou a penalidade sofrida por Kylian Mbappé, aos 25 minutos da etapa final. Por sinal, a primeira cobrança perdida por ele defendendo as cores do clube, que coroou a pífia partida do camisa 7, substituído no final da prorrogação, parece que com a intenção de Carlo Ancelotti preservá-lo na decisão por pênaltis.

Pois é, tudo foi definido nas penalidades, algo que os pupilos de Diego Simeone tanto buscaram no decorrer dos 210 minutos do Dérbi de Madrid, em que eles abriram mão de atacar de modo mais incisivo e contundente o desgastado Real Madrid, que literalmente se arrastou durante a prorrogação. Ao mesmo tempo, um ato de bastante coragem do clube que luta contra a famosa Maldição de Pupas, mediante o oponente cuja sorte na Champions League até surpreende.

Dito e feito, ainda no segundo pênalti efetuado pelo Atlético de Madrid, cobrado por Julián Alvarez, a Maldição de Pupas se fez valer no estádio Metropolitano, visto que o artilheiro do time na temporada com 22 gols resvalou suavemente na bola com o pé de apoio ao escorregar na hora do chute. Ou seja, dois toques e pênalti anulado ao Atleti, uma ação que demorou para ser compreendida tanto pelos pouco mais de 69.000 torcedores, quanto pelos jogadores.

Seja como for, o gesto de anulação feito pelo árbitro Szymon Marciniak, bem como a correção no resultado do placar do estádio instantes depois, criaram um clima de absoluta frustração no Metropolitano, que ainda vivenciou um momento de festa com o erro de Lucas Vázquez, mas quase imediatamente o sofrimento voltou com Marcos Llorente acertando o travessão. Por fim, o gol de Antonio Rudiger na última cobrança, por pouco não defendida por Jan Oblak, encerrou a trajetória do Atlético de Madrid na Champions League, mais uma vez diante do carrasco Real Madrid.

Sim, mais uma vez porque esta foi a sexta dentre as seis eliminatórias perdidas pelo Atlético de Madrid frente o maior rival na Champions League. A propósito, derrotas que já ocorreram de diversas formas como através do gol de empate de Sergio Ramos nos acréscimos da final de 2014 em Lisboa, que se estendeu para um 4 a 1 na prorrogação, ou nas penalidades da segunda decisão entre eles dois anos depois em Milão.

Soma-se a isso, duas quedas em semifinais, uma em quartas-de-final, além desta mais recente nas oitavas-de-final. Em outras palavras, uma verdadeira sina na Champions League, sobretudo porque o retrospecto dos Colchoneros no Dérbi de Madrid não se repete em outras competições, vide o exemplo da classificação do Atlético de Madrid também nas oitavas da edição passada da Copa do Rei, ou então, o título da Supercopa da UEFA em 2018.

Consequentemente, o precoce adeus do Atlético de Madrid na Champions League acabou com as possibilidades de Diego Simeone conquistar, nesta temporada, o único título que lhe falta no clube, considerando que ele já ergueu todos os demais canecos possíveis como são os casos de LaLiga, Copa do Rei, Europa League, Supercopa da Espanha e Supercopa da Europa ao longo dos 14 anos no comando do Atleti.

Contudo, o progresso do Atlético de Madrid desde a chegada do técnico Diego Simeone é notório, podendo inclusive ser simbolizado por intermédio da inaguração do moderníssimo estádio Metropolitano, em 2017, além dos 200 milhões de euros investidos pelos Rojiblancos em contratações de reforços somente na atual temporada.

De qualquer modo, o Atlético de Madrid segue vivo na corrida pelos títulos da LaLiga e da Copa do Rei, onde terá o Barcelona como próximo adversário em ambas competições. Logo, são consideráveis as chances do clube madrilenho terminar essa temporada dando uma volta olímpica, até proque a Maldição de Pupas já levou a Champions League pra longe do Metropolitano.

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