Ser goleado pelo Paris Saint-Germain não é nenhum absurdo na atualidade, que o diga a Inter de Milão. E por mais que a inédita conquista da Champions League não tenha saciado o apetite do faminto PSG, é inegável que o duro revés por 4 a 0 sofrido pelo Atlético de Madrid na estreia da Copa do Mundo de Clubes da FIFA evidenciou a necessidade de grandes mudanças no clube espanhol.
Apesar do calor primaveril californiano foi impressionante a falta de competitividade do Atlético de Madrid, algo que sempre foi a marca registrada da equipe sob o comando de Diego Simeone. Aliás, isso explica porque goleá-la sempre foi difícil para qualquer oponente, o que aumenta os méritos do PSG, que inclusive deixou a sensação de que a derrota por 4 a 0 ficou no lucro aos Colchoneros.
Seja como for, o que vimos ao longo dos noventa minutos foi a verdadeira extensão da temporada europeia com o PSG voando em campo, e o Atlético de Madrid apresentando a mesma apatia desde o início de abril, oriunda das quedas na Champions League, Copa do Rei e LaLiga, cujo ponto fraco mais uma vez foi o vulnerável lado esquerdo do time, seja com Javi Galán e Samuel Lino no primeiro tempo, seja com Reinildo e Connor Gallagher na etapa final.
Maiores derrotas do Atlético Madrid desde que Simeone é o treinador – todas em competições internacionais:
— Playmaker (@playmaker_PT) June 16, 2025
4-0 ???????? Dortmund, 2018
4-0 ???????? Bayern, 2020
4-0 ???????? Benfica, 2024
4-0 ???????? PSG, 2025 pic.twitter.com/IDbLLkuHfE
E como não poderia deixar de ser, a justificativa dada por Diego Simeone depois do atropelamento no Rose Bowl Stadium foi a arbitragem. É óbvio que o treinador argentino não criticará os seus atletas publicamente, porém essa narrativa de que o Atlético de Madrid é sempre perseguido pelos árbitros, ou luta sozinho contra tudo e todos, já não cola há tempos e, como resultado, acaba o diminuindo como instituição.
A propósito, esse ‘vitimismo’ passou a interferir de maneira totalmente negativa ao Atlético de Madrid, a julgar pela mais recente eliminação frente o rival Real Madrid nas oitavas-de-final da Champions League, na qual os Rojiblancos perderam nas penalidades em função do leve toque a mais na bola dado por Julián Alvarez no momento da cobrança. Pois é, passados três meses, eles ainda reclamam deste lance.
Ao mesmo tempo, essa mentalidade que persistirá no Atlético de Madrid pelo fato de estar enraizada tanto na cultura do cholismo quanto na do próprio clube, por vezes tem o poder de motivá-lo, vide o exemplo do último 4 a 0 sofrido pelos pupilos de Diego Simeone. Na ocasião, eles caíram diante do Benfica, ainda na fase de liga da Champions League, em circunstâncias bastante similares em comparação a essa na Califórnia.
Posteriormente, embora derrotado pelo Lille por 3 a 1 em pleno estádio Metropolitano, o Atlético de Madrid embalou uma série de cinco vitórias consecutivas no torneio continental, incluindo os triunfos por 2 a 1 ante PSG e Bayer Leverkusen, que foram determinantes para a classificação direta dos Colchoneros às oitavas-de-final em virtude da 5ª melhor campanha da fase de liga.
Na atual temporada, o Atlético de Madrid já havia vencido o PSG por 2 a 1 no Parque dos Príncipes, em partida válida pela 4ª rodada da fase de liga da Champions League.
Diante deste cenário, a recuperação do Atlético de Madrid na Copa do Mundo de Clubes é absolutamente possível, sobretudo porque o Atleti já enfrentou o adversário mais forte do grupo, como é o caso do PSG, e vitórias nas próximas partidas frente Botafogo e Seattle Sounders, provavelmente, lhe renderá uma vaga no estágio mata-mata da competição.
Em todo o caso, independente de uma reviravolta no Mundial, certamente mudanças ocorrerão no Atlético de Madrid, é claro, não através da saída de Diego Simeone após 14 anos, mas sim por intermédio da vinda de jogadores comprometidos e motivados para defender as cores do time, substituindo outros históricos que, até por conta da idade, já não entregam mais o esperado em meio ao fim dos seus respectivos ciclos.
Não à toa, ao ser questionado sobre suas decisões táticas após a derrota para o PSG, Diego Simeone respondeu dando um claro e direto recado de que o Atlético de Madrid precisa ser mais agressivo no mercado ao ressaltar que o PSG gastou o montante de 70 milhões de euros na compra de Khvicha Kvaratskhelia em janeiro, quando Luis Enrique solicitou a contratação um ponta-esquerda, lembrando que o Atleti foi o clube que mais investiu em reforços na edição passada da LaLiga (185 milhões de euros).
Neste sentido, a intenção inicial do Atlético de Madrid é reforçar a lateral-esquerda, tendo em vista que Reinildo e Javi Galán já provaram não ter condições de vestir a camisa do clube. Todavia, com os fracassos nas negociações envolvendo Álvaro Carreras e Miguel Gutiérrez, a tendência é que Lucas Digne, atualmente no Everton, seja contratado na reabertura da janela, enquanto Andrew Robertson, do Liverpool, segue como plano B.
Ainda pensando em fortalecer o lado esquerdo da equipe, o Atlético de Madrid mira a contratação de Álex Baena que, indiscutivelmente, seria muito benvindo na disputa da Copa do Mundo de Clubes. Além do meio-campista do Villarreal, Cristian Romero ou Piero Hincapié também podem desembarcar na capital espanhola, já que os Colchoneros também pretendem trazer um zagueiro canhoto.
Por fim, outro nome que deve pintar no Atlético de Madrid é Johnny Cardoso, que segundo a mídia madrilenha já aceitou a proposta para transferir-se ao clube, o que significa que resta agora o acerto junto ao Betis. Por sinal, a ausência de um volante forte na marcação para ajudar Pablo Barrios e Rodrigo De Paul no meio-campo foi visível diante do amplo domínio no setor por parte de Vitinha, João Neves e Fabián Ruiz na estreia da Copa do Mundo de Clubes.
Assim, com essas quatro contratações o Atlético de Madrid espera voltar a competir com as principais potências do futebol europeu na próxima temporada. A ver!