O Liverpool 2.0, de Arne Slot, já começou a ser desenhado

O pesadelo vivido pela torcida do Liverpool, representado pela inesperada saída de Jurgen Klopp na temporada retrasada, se converteu num verdadeiro conto de fadas com os Reds erguendo o caneco da Premier League um ano depois.

Em outras palavras, um fato que retrata a importância dos clubes terem diretores que entendam de futebol, com a habilidade tanto de debater o assunto quanto de trazer contrapontos junto aos respectivos treinadores. Logo, isso explica porque o impacto causado pelo adeus de Jurgen Klopp após nove anos à frente do Liverpool acabou sendo mínimo com a chegada de Arne Slot, cujo perfil é bastante parecido em comparação ao do antecessor, incluindo aspectos técnicos, táticos e de gestão de grupo.

Todavia, embora os perfis se encaixassem e Arne Slot tenha herdado uma equipe qualificada, organizada, além de ter contando com a sorte da abrupta queda de rendimento do Manchester City, algo que jamais aconteceu ao longo do ciclo de quase uma década sob o comando de Jurgen Klopp, é inegável que o técnico holandês quebrou paradigmas ao superar todos os contratempos de uma temporada de transição ao manter o Liverpool no mais alto nível de competitividade, lidando com a enorme pressão de suceder uma lendária figura do clube, ainda o conduzindo à conquista do 20º título inglês.

A propósito, além da volta olímpica pela Premier League, o Liverpool também anunciou as renovações contratuais de Virgil van Dijk e Mohamed Salah por mais dois anos depois de extensas negociações, assegurando assim a continuidade do capitão da equipe, bem como a do principal artilheiro e líder de assistências dos Reds na temporada com 34 tentos e 23 passes que resultaram em gols, num total de 52 aparições. Em contrapartida, o mesmo não ocorreu com Trent Alexande-Arnold, que transferiu-se ao Real Madrid.

Isto posto, a realidade é que o Liverpool chegará motivadíssimo para a disputa da próxima temporada, no caso a segunda de Arne Slot em Anfield, na qual veremos os atuais campeões ingleses ainda mais com a cara do ex-técnico do Feyenoord, sobretudo porque ao contrário dos últimos anos, desta vez o clube administrado pela FSG (Fenway Sports Group) adotou uma postura agressiva no mercado.

Não à toa, dois ex-jogadores do Bayer Leverkusen já desembarcaram em Merseyside para defender as cores do Liverpool. O primeiro deles foi Jeremie Frimpong, contratado por 40 milhões de euros para preencher a lacuna deixada por Trent Alexander-Arnold. Embora acostumado a atuar como ala, a vinda do lateral-direito holandês deixa claro que Arne Slot busca velocidade e força pelos lados do campo, a julgar pelo exemplo da esquerda com Milos Kerkez, praticamente certo junto ao Bournemouth.

No entanto, foi o anúncio de Florian Wirtz que agitou o noticiário esportivo mundial, afinal o meia-alemão se tornou não apenas o jogador mais caro da história do Liverpool, como também da Premier League em todos os tempos, tendo em vista que os Reds desembolsaram o montante de 125 milhões de euros — o equivalente a R$ 793,5 milhões — para firmar o contrato válido até 2030.

Por sinal, para trazer Florian Wirtz o Liverpool precisou vencer as fortes concorrências com Bayern de Munique e Manchester City, o que, é claro, acabou inflacionando o valor da negociação. Ainda assim, somente fato do jovem meia de 22 anos de idade ter se consolidado como o principal nome do célebre Bayer Leverkusen, de Xabi Alonso, torna compreensível cada centavo gasto pelo clube inglês, lembrando que apenas na temporada passada ele balançou as redes 16 vezes e contribuiu com 15 assistências, em 45 jogos realizados.

E como não poderia deixar de ser, as expectativas em torno de Florian Wirtz são enormes pelos lados de Anfield. Contudo, se depender do histórico o sucesso do camisa 10 é pra lá de certo vestindo a camisa do Liverpool, isso porque desde a controversa transferência do Colônia para o Bayer Leverkusen, ainda como juvenil, ele já se sobressaiu ao superar Kai Havertz como o atleta mais novo a estrear pelos Werkself, duas semanas após completar o 17º aniversário. Dezenove dias depois, tornou-se o mais jovem a marcar um gol.

De qualquer maneira, restando um ano para o início da Copa do Mundo, é óbvio que o mais cômodo para Florian Wirtz seria seguir no futebol alemão atuando pelo Bayern de Munique, onde muito provavelmente ele seria campeão da Bundesliga, e não teria de encarar possíveis problemas de adaptação. Cumpre acrescentar que Wirtz ainda estaria atuando ao lado do amigo e companheiro de seleção, Jamal Musiala, o que seria perfeito para aumentar o entrosamento da dupla pensando no ponto de vista do técnico Julian Nagelsmann.

Apesar disso, Florian Wirtz optou por um novo desafio num cenário totalmente desconhecido, isto é, um ato que demonstra personalidade e confiança em si próprio. No Liverpool, muito se fala que ele ocupará a vaga de Dominik Szoboszlai no meio-campo, já que é difícil imaginar que Arne Slot abrirá mão do 4-3-3 que o acompanha desde os tempos de AZ Alkmaar, além de ser o esquema predileto de técnicos holandeses.

Em compensação, também existe a possibilidade de Arne Slot utilizar Florian Wirtz como um falso 9, dado o desempenho aquém de Darwin Núñez e Diogo Jota, além das constantes lesões de Cody Gakpo nessa última temporada, ou quem sabe armar o Liverpool no 4-4-2, com Ryan Gravenberch, Alexis Mac Allister, Dominik Szoboszlai e Wirtz compondo o meio, e Luis Díaz e Mohamed Salah formando uma dupla de ataque.

Entretanto, seja lá qual for a distribuição tática usada pelos Reds, essa versão 2.0 dos comandados de Arne Slot promete ser ainda melhor do que a anterior, campeã inglesa. Aguardemos!

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