Desafios não faltam para Allegri no projeto de reconstrução do Milan

O recente oitavo lugar do Milan na tabela da Serie A, representado pela pior campanha no Calcio ao longo dos últimos dez anos, aliado ao revés diante do Bologna na final da Coppa Italia, retrata de forma clara o quão decepcionante foi a temporada dos Rossoneri.

Por sinal, uma frustração que se torna ainda maior levando em conta as perspectivas no início da temporada, visto que o Milan vislumbrava brigar pelo scudetto da Serie A e, ao menos, chegar nas quartas-de-final da Champions League. Quer dizer, projeções que ficaram bem distantes da realidade, a julgar pela distância de 19 pontos em relação ao campeão italiano Napoli, além da precoce queda nos playoffs de repescagem do torneio continental frente o Feyenoord em pleno estádio San Siro.

Deste modo, a única alegria dos milanistas na temporada acabou sendo a invencibilidade no Derby della Madonnina, já que o Milan não perdeu nenhum dos cinco clássicos disputados contra a Inter de Milão, contabilizando 3 vitórias e dois empates no período, lembrando que um destes triunfos resultou na conquista da Supercopa da Itália, e outro na classificação à decisão da Coppa Italia.

Contudo, a temporada aquém das expectativas por parte do Milan é oriunda do erro cometido pela diretoria ao apostar em Paulo Fonseca para suceder Stefano Pioli à frente da equipe, afinal era nítido que o treinador português não tinha capacidade para comandá-la, vide o seu último trabalho no futebol italiano, quando ele dirigiu a Roma. Como resultado, o atual técnico do Lyon foi demitido às vésperas da virada do ano, dando lugar ao conterrâneo Sérgio Conceição.

No entanto, ainda que Sérgio Conceição tenha assumido o Milan tendo a dificílima missão de “trocar os pneus com o carro em movimento” e não tenha decepcionado, a sua trajetória pelo clube italiano durou míseros 182 dias ou 31 jogos. Aliás, a intenção da cúpula diretiva milanista ao contratar o ex-treinador do Porto era domar o vestiário controlado pelas principais lideranças do grupo, formada por Davide Calabria, Theo Hernández e Rafael Leão.

Em contrapartida, a pífia performance do Milan na temporada 2024-25 expôs a necessidade de grandes mudanças que começaram com a chegada do novo diretor-esportivo Igle Tare, cuja primeira ação foi fechar a contratação do técnico Massimiliano Allegri, velho conhecido dos torcedores milanistas que estava livre no mercado desde que deixou a Juventus há exatamente um ano.

Técnico do Milan entre 2010 e 2014, época em que venceu tanto a Serie A 2010-11, quanto a Supercopa da Itália 2011-12, Massimiliano Allegri regressa ao clube depois de onze anos firmando um novo vínculo válido por três temporadas, no qual receberá o montante de 5 milhões de euros. A propósito, um valor salarial bastante superior em comparação aos recebidos pelos antecessores Stefano Pioli, Paulo Fonseca e Sérgio Conceição.

Em todo o caso, essa verdadeira revolução iniciada pelo Milan não se resume apenas a parte extra-campo, já que dentro das quatro linhas ela também promete ser intensa, primeiramente, com as saídas dos emprestados Kyle Walker, Riccardo Sottil, João Félix e Tammy Abraham, além do ex-volante do próprio clube, Tijjani Reijnders, vendido ao Manchester City por 55 milhões de euros, com bônus adicional que pode chegar a mais 15 milhões de euros.

Todavia, outras negociações já estão em andamento, inclusive algumas bem próximas de se concretizar, como é o caso da transferência de Theo Hernández ao Al-Hilal. Portanto, o lateral-esquerdo, que desembarcou em solo italiano para defender as cores do Milan em 2019, deixa o clube após uma passagem marcada por uma série de altos e baixos, em que o ápice deu-se em meio a conquista da Serie A em 2023, enquanto a ruína ocorreu nessa temporada, com a simulação de um pênalti que custou o adeus dos Rossoneri na Champions League.

Seja como for, a venda de Theo Hernández ao Al-Hilal demonstra que o Milan visa realmente seguir um novo rumo a partir da próxima temporada, dada a enorme relevância do defensor mais goleador da história do clube na Serie A com 31 tentos, superando até o lendário Paolo Maldini. Não à toa, Rafael Leão é outra importante peça do plantel milanista que também integra a lista de negociáveis.

Por outro lado, é óbvio que reforços também chegarão ao Milan, a exemplo de Luka Modric que se juntará ao novo clube depois da participação do Real Madrid na Copa do Mundo de Clubes. E vale ressaltar que diversos são os nomes que estão na mira dos Rossoneri, dentre eles, os ex-jogadores de Massimiliano Allegri na Juventus, Adrien Rabiot e Dusan Vlahovic, bem como os laterais Vanderson e Oleksandr Zinchenko, além dos meio-campistas Ardon Jashari e Granit Xhaka, sendo esse último o principal alvo dentre todos os citados.

Assim, ao repatriar Massimiliano Allegri e trazer novas lideranças com mentalidades positivas e vencedoras, o Milan espera não apenas restabelecer a ordem no vestiário, como também resgatar a identidade perdida há tempos através da ‘reitalianização’ do clube. A favor, ainda pesa o fato de um calendário composto por menos jogos e viagens devido a ausência de competições europeias, algo que o Napoli soube aproveitar muito bem na temporada anterior.

Isto posto, resta saber, então, se o caminho trilhado por este novo Milan, de Massimiliano Allegri, será tão bem sucedido quanto o dos campeões italianos na temporada que está por vir.

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