Pelo quarto ano consecutivo, o Rangers se despediu de uma temporada na vice-posição da Scottish Premiership e, o pior, acompanhando o rival Celtic festejando a conquista do título escocês pelas ruas de Glasgow.
No entanto, é importante destacar que o Rangers percebeu cedo que o desfecho dessa última temporada seria o mesmo das três anteriores, tanto é que a diretoria do clube escocês tentou corrigir rota em pleno mês de fevereiro ao demitir o treinador Philippe Clement, quando os Gers estavam separados a 13 pontos do líder Celtic na tabela da Scottish Premiership.
Na ocasião, o Rangers apostou no interino Barry Ferguson — ex-meio-campista da equipe entre os anos de 1994 e 2003, além de 2005 a 2009, acumulando o montante de 431 partidas somando essas duas passagens — para suceder Philippe Clement, ele que acumulava trabalhos em clubes de divisões inferiores do futebol escocês, como eram os casos de Clyde, Kelty Hearts e Alloa Athletic.
Todavia, essa troca no comando técnico do time não surtiu o efeito esperado, a julgar pela distância em relação ao Celtic, que aumentou para 17 pontos ao término da Scottish Premiership, ainda que o Rangers tenha chegado nas quartas-de-final da Europa League — onde foi eliminado pelo Athletic Bilbao —, e não tenha perdido nenhum dos dois Old Firm’s disputados sob a batuta de Barry Ferguson — somando uma vitória e uma empate no período.
Barry Fergunson deixou o Rangers após uma curta passagem de 15 jogos, colecionando 6 vitórias, 5 empates, 4 derrotas, 29 gols marcados e 24 sofridos.
Deste modo, a boa campanha na Europa League não foi suficiente para assegurar a permanência de Barry Ferguson em meio aos 19 de 33 possíveis pontos conquistados na reta final da Scottish Premiership (5V-4D-2D). Ainda assim, fica claro que o movimento feito pela cúpula diretiva do clube ao promovê-lo como técnico interino do Rangers deu-se para aliviar a enorme pressão que assolava Ibrox, dada a idolatria do eterno camisa 6 junto aos torcedores.
Seja como for, após o anúncio da saída de Barry Ferguson, o Rangers se viu envolvido em inúmeros rumores dando conta da possível vinda do filho de Carlo Ancelotti, Davide, para ser o novo treinador da equipe, enquanto outras notícias sinalizavam o retorno de Steven Gerrard, ídolo e ex-comandante dos Gers na conquista do único título escocês dos últimos 14 anos, na temporada 2020-21.
Contudo, o nome escolhido pela cúpula diretiva do Rangers para ocupar o antigo posto de Barry Ferguson foi o de Russell Martin, que estava livre no mercado desde a demissão do Southampton em dezembro do ano passado, devido ao péssimo começo de temporada do clube recém-promovido à Premier League, marcado por somente uma vitória nas 16 primeiras rodadas do campeonato.
Em contrapartida, vale ressaltar que o ápice na carreira de Russell Martin foi vivido justamente no Southampton, mais especificamente com o acesso do time da costa sul da Inglaterra à Premier League na temporada retrasada, através do heróico triunfo pelo placar mínimo diante do Leeds United na decisão dos playoffs da Championship League, em Wembley.
✍️ Our new Head Coach, Russell Martin. pic.twitter.com/rgL9Qx0UOX
— Rangers Football Club (@RangersFC) June 5, 2025
Anteriormente, Russell Martin acumulou passagens por MK Dons e Swansea City, inclusive realizando campanhas de meio de tabela nas duas temporadas pelo clube galês na Championship League (15ª e 10ª posições). Entretanto, todos os trabalhos desenvolvidos pelo jovem treinador de 39 anos de idade tiveram como principal característica o futebol impositivo, baseado no controle do jogo por intermédio da posse de bola.
E foi exatamente em função deste modelo de jogo que o Southampton, de Russel Martin, se destacou ao longo da caminhada rumo à promoção à Premier League há dois anos, na qual encarava adversários de nível técnico inferior na Championship League, e os seus jogadores eram capazes de dominar os oponentes de maneira consistente mediante a gradual troca de passes.
Por outro lado, essa abordagem impactou de forma oposta contra desafiantes da elite do futebol inglês, que com maior qualidade recuperavam a bola do Southampton ainda em seu campo de defesa, e evitavam com que a equipe trocasse um longa sequência de passes. Por sinal, as duas derrotas para o campeão da Championship League, Leicester, na campanha do título nos playoffs já indicava essa dificuldade.
O Panathinaikos será o adversário do Rangers na 2ª fase do estágio pré-eliminatório da Champions League. Os embates contra os gregos já acontecerão no próximo mês (22 e 30 de julho).
Em todo o caso, a escolha por parte do Rangers em Russell Martin se mostra tão certeira quanto na contratação de Steven Gerrard em 2018, considerando que o clube desponta como a principal força escocesa ao lado do Celtic, o que significa que o papel dos Gers é sempre de protagonista na Scottish Premiership, diferentemente do Southampton na Premier League, cujo objetivo é apenas um: se livrar da degola.
Diante deste cenário, a intenção primordial do Rangers é assegurar a continuidade da principal peça do time, Niko Raskin, o único ponto de destaque em Ibrox na frustrante temporada 2024-25. Por esta razão, as tratativas visando a renovação contratual do meia belga, válido por mais dois anos, já começaram com a finalidade de vencer a concorrência frente o interesse de clubes europeus.
Ademais, os primeiros reforços já começaram a desembarcar em solo escocês para defender as cores do Rangers, a exemplo do meia Lyall Cameron, ex-Dundee, e do lateral-direito Max Aarons, contratado via empréstimo junto ao Bournemouth, após outro curto pelo Valencia. Aliás, ambos já se uniram a James Tavernier, Dujon Sterling, Rabino Matondo, Kieran Dowell, Niko Raskin e companhia limitada para as atividades da pré-temporada.
Portanto, enfim boas perspectivas giram em torno de Ibrox, sobretudo sob a nova administração do magnata Andrew Cavenagh em parceira com a 49ers Enterprises, o braço de investimentos da franquia da NFL, San Francisco 49ers.