O conturbado vestiário chileno

A ausência de Claudio Bravo na lista de convocados do Chile para a disputa da Copa América, demonstra que o ambiente no vestiário da La Roja não é dos melhores. É assim, repleto de problemas internos, que os comandados de Reinaldo Rueda desembarcarão no Brasil em busca do tricampeonato do torneio sul-americano.

Comandar a seleção chilena nunca foi uma tarefa fácil, muito pelo contrário, me recordo que em 2015, o atual treinador do Santos, Jorge Sampaoli, que na época dirigia o selecionado do Chile, sofria com casos de indisciplina de alguns atletas. Dois anos depois, em 2017, o técnico argentino expôs publicamente que Eduardo Vargas, Jorge Valdívia, Mauricio Pinilla, Gonzalo Jara, Jean Beausejour e Matías Fernández, todos liderados pelo volante Arturo Vidal, formavam o “Bando Pitillo”, ou seja, um grupo realmente indomável. Inclusive, Sampaoli manifestou uma enorme preocupação em relação ao comportamento de Vidal, que segundo ele, era viciado em álcool.

Naquela ocasião, Jorge Sampaoli também revelou que o goleiro Claudio Bravo, capitão da La Roja, tentava controlar as ações desta turma, enquanto Alexis Sánchez preferia estar sempre sozinho, longe de todos, com seus fones de ouvidos escutando músicas. Ao acompanhar tudo isso de perto, o ex-treinador da seleção argentina afirmou com veemência que o Chile não iria se classificar ao Mundial de 2018 justamente porque o descompromisso deste grupo de jogadores afetaria o desempenho da geração de ouro chilena, uma previsão que concretizou-se posteriormente.

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Claudio Bravo estreou na seleção chinela em 2004. De lá para cá, o goleiro do Manchester City disputou 111 partidas pela La Roja, sendo o capitão da equipe nas conquistas da Copa América de 2015 e 2016.

Acontece, que nem mesmo o fato dos chilenos terem ficado de fora da Copa da Rússia, fez com que eles tivessem aprendido a lição, já que a solução encontrada pelo treinador Reinaldo Rueda para resolver os problemas inerentes ao vestiário, foi não convocar o goleiro Claudio Bravo, capitão da seleção chilena na conquista dos dois títulos da Copa América. E quem declarou isso foi Gary Medel, atual dono da braçadeira do Chile, confira abaixo as palavras do volante:

"É óbvio, há problemas com Claudio Bravo, mas existem erros de todos. Precisamos resolver 
isso internamente, não falando este assunto para fora, pois é algo muito negativo. Se Claudio vier, 
vamos falar frente a frente, como homens", disse o jogador do Besiktas.
Na imagem, a lista dos 23 atletas chilenos convocados por Reinaldo Rueda.
Na imagem, a lista dos 23 atletas chilenos convocados por Reinaldo Rueda, sem a presença de Claudio Bravo.

Ao analisarmos a lista de convocados de Reinaldo Rueda para a disputa da Copa América 2019, além de notarmos a ausência do goleiro do Manchester City, percebemos que os nomes do volante Marcelo Díaz, do Racing, e do atacante Edson Puch, da Universidad Católica, figuras importantes do Chile na conquista do bicampeonato do torneio continental em 2016, também não constam na relação de 23 atletas da La Roja. Apesar da enorme repercussão na mídia, a não convocação de Claudio Bravo já era esperada, uma vez que o veterano de 36 anos de idade jogou somente uma partida durante toda a temporada.

No entanto, vale ressaltar que a base da equipe bicampeã da Copa América, formada por Mauricio Isla, Gonzalo Jara, Gary Medel, Arturo Vidal, Charles Aránguiz, José Pedro Fuenzalida, Alexis Sánchez e Eduardo Vargas, defenderá a La Roja no Brasil. Não restam dúvidas de que esta edição do torneio continental terá um enorme peso para o treinador Reinaldo Rueda, que no caso de um fiasco, corre sérios riscos de perder o emprego. Desde que o treinador colombiano assumiu o comando da La Roja em 2018, ele colecionou o montante de 4 vitórias, 4 empates e três derrotas nos 11 jogos pela seleção, obtendo assim, 48,4% de aproveitamento. Deste modo, compreendemos porque o ex-técnico flamenguista apostou quase todas as suas fichas na convocação destes experientes jogadores.

Os chilenos estão em busca do terceiro título consecutivo da Copa América, pois eles ergueram o caneco do torneio nas duas últimas edições da competição. A primeira conquista, veio em 2015, sob o comando de Jorge Sampaoli, no próprio Chile, enquanto a segunda, foi em 2016, nos Estados Unidos, quando o argentino Juan Antonio Pizzi estava à frente da La Roja. Situado no grupo C da Copa América, o Chile terá como adversários na primeira fase, as seleções de Equador, Uruguai, além do convidado, Japão, lembrando que a estreia dos atuais bicampeões será contra os japoneses, dia 17, no estádio do Morumbi.

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