É grotesco, bisonho, lamentável assistir aos jogos da seleção de Tite, e constatamos isso mais uma vez na noite de ontem, quando o Brasil precisou das penalidades, para eliminar o fraco Paraguai da Copa América, lembrando que os paraguaios jogaram a maior parte do segundo tempo com dez homens em campo. Deste modo, fica evidente que a Seleção Brasileira regride a cada partida disputada.
Desde que assumiu o comando da Seleção Brasileira em setembro de 2016, Tite era considerado um verdadeiro “Salvador da Pátria”, e com mera justiça, afinal, o técnico gaúcho havia realizado um excelente trabalho à frente do Corinthians, conduzindo a equipe da capital paulista a diversos títulos como o Campeonato Brasileiro (2011 e 2015), a Recopa Sul-Americana (2013), a Copa Libertadores (2012) e até mesmo o Torneio Mundial de Clubes (2012). Por esta razão, o anuncio da chegada de Tite para ocupar a vaga antes ocupada por Dunga no selecionado do Brasil, causou enorme euforia em grande parte da torcida tupiniquim.
Não restam dúvidas de que o início de Tite foi avassalador à frente da seleção pentacampeã mundial, tanto é, que o Brasil colecionou nove vitórias consecutivas desde a sua estreia. Além disso, a Seleção Brasileira não perdeu nenhuma partida nas Eliminatórias sob o comando do ex-técnico do Corinthians, somando 10 vitórias e dois empates naquele período, se classificando de maneira antecipada à Copa do Mundo de 2018, e detalhe, com dez pontos de vantagem em relação ao vice-colocado, Uruguai. Isso explica porque a nação brasileira acreditava fielmente que os comandados de Tite voltariam da Rússia com o caneco do hexa na bagagem.

Posteriormente, o Brasil ainda conseguiu seguir invicto nos amistosos disputados antes do início da Copa do Mundo de 2018, porém foi exatamente no Mundial da Rússia que o castelo do treinador gaúcho começou a desmoronar. A começar pelos privilégios concedidos ao craque Neymar, que levou mais de cinquenta pessoas para acompanhar o torneio, mantendo todos os convidados hospedados no mesmo hotel da Seleção Brasileira, tudo é óbvio, com o consentimento de Tite e Edu, o diretor da seleção.
Outro detalhe que enfureceu os torcedores brasileiros, foi o fato de Tite não ter tirado Gabriel Jesus, o atacante que não marca gols, do time titular, mesmo depois do jogador do Manchester City ter passado toda a fase de grupos da competição em branco. É lógico que no final das contas, o ex-jogador do Palmeiras e o treinador afundaram juntos. Vale ressaltar também, que o Brasil foi eliminado pelo primeiro grande oponente que encontrou pela frente, a Bélgica, nas quartas de final da Copa. Antes disso, a Seleção Brasileira havia enfrentado somente adversários medianos (Suíça, Costa Rica, Sérvia e México).

Em virtude do insucesso na Copa de 2018, Tite estreou na Copa América bastante pressionado, sobretudo porque o torneio sul-americano está sendo disputado no Brasil, portanto é obrigação ganhá-lo. Mesmo estando situado no grupo mais fraco da competição, ao lado de Bolívia, Venezuela e Peru, a Seleção Brasileira conseguiu a façanha de se classificar sem obter 100% de aproveitamento, e saiu de campo vaiada no intervalo do jogo contra os bolivianos e no final da partida frente os venezuelanos. Somente no duelo diante dos peruanos, o selecionado verde e amarelo foi capaz de convencer a torcida através de uma boa atuação(venceu por 5 a 0).
No entanto, quando todos imaginavam que a Seleção Brasileira tivesse adquirido confiança em decorrência da goleada sobre o Peru, novamente ela voltou a decepcionar ao empatar com o modesto Paraguai por 0 a 0. O que vimos nesta partida foi a equipe de Tite mais uma vez engessada, com Everton aberto pela esquerda, Gabriel Jesus, de ponta, pela direita, e Roberto Firmino enfiado na área. No meio, o time atuou de novo com dois volantes, e o meia Philippe Coutinho foi o único responsável pela criação de jogadas. É exatamente desta maneira que Tite arma o seu esquadrão, e nada faz, não arrisca jogar com um volante, não inverte os pontas, não orienta os laterais à subirem na diagonal, nada.
O pior de tudo foi ver o Paraguai atuando com dez homens em campo desde os 14 minutos da segunda etapa, e o Brasil não ter repertório, artifícios, ou o mínimo de variação tática para mudar o panorama do jogo e envolver o oponente. Pra variar, Gabriel Jesus, o atacante que não marca gols, não balançou as redes em Porto Alegre, e agora, atingiu a incrível marca de 657 minutos (10 horas e 57 minutos) sem gols pelo time do Brasil em jogos oficiais. Como não poderia deixar de ser, a Seleção Brasileira recebeu vaias ao término da partida. A sorte do conjunto brasileiro é ter o goleiro Alisson, um dos melhores do mundo na posição, que garantiu o triunfo verde e amarelo nas penalidades.
Diante de todos estes aspectos, é nítido que o trabalho de Tite regrediu, visto que a Seleção Brasileira apresenta enormes dificuldades quando enfrenta oponentes com defesas compactas, isto é, que atuam fechados defensivamente. O Brasil de Tite é conservador ao extremo, adepto de um único esquema de jogo (atualmente o 4-2-3-1), e incapaz de mudar a forma de jogar dependendo das circunstâncias das partidas ou da formação dos adversários. Os recursos utilizados pelo comandante gaúcho para furar retrancas é erguer a bola na área, ou então, buscar o gol através do famoso “abafa”, ou seja, ir ao ataque na base da loucura, muito pouco para uma equipe com tanta qualidade técnica quanto o Brasil. Por essas e outras, pelo menos pra mim, a Seleção Brasileira deveria dispensar Tite após o fim da Copa América, pois somente assim, ela terá chances de brigar pelo hexa na Copa do Catar em 2022!