Mais um desafio na carreira de Felipão

Depois das recusas de Lisca e Umberto Louzer, o Cruzeiro, penúltimo colocado na Série B do Brasileirão, surpreendeu a todos ao anunciar que Luiz Felipe Scolari retornará à Toca da Raposa após 19 anos.

Se 2019 foi um pesadelo na vida do torcedor cruzeirense, o ano de 2020 está sendo ainda pior, visto que o conjunto celeste segue travando uma grande batalha contra o rebaixamento à Série C do Campeonato Brasileiro. Obviamente, já era esperado que o Cruzeiro enfrentaria dificuldades nesta temporada, tudo em consequência da desastrosa gestão de Wagner Pires de Sá no clube mineiro. Além disso, a debandada de quase todo o elenco e a falta de recursos financeiros também indicavam que a Raposa teria um árduo caminho pela frente.

Apesar disso tudo, ainda causa enorme estranheza vermos o Cruzeiro ocupando o 19º posto na tabela da Série B com míseros 13 pontos em 16 jogos e, consequentemente, situado na zona de rebaixamento da competição. A tradição do clube mineiro, dono de uma das camisas mais pesadas do futebol tupiniquim, aliada a fragilidade técnica dos adversários da Raposa na segunda divisão, nos levavam a crer que a equipe não sofreria tanto no campeonato. Todavia, os 39,6% de aproveitamento no torneio, demonstram o quão ruim é a campanha cruzeirense.

Em contrapartida, a Raposa não despencou para a vice-lanterna da Série B à toa, muito pelo contrário, as constantes trocas de treinadores realizadas pela diretoria desde o início da temporada, certamente contribuíram para a queda da equipe, que já era limitada. Aliás, é importante salientar que três diferentes técnicos passaram pelo Cruzeiro ao longo do ano, tratam-se de Adilson Batista, Enderson Moreira e Ney Franco.

Dentre os três treinadores do Cruzeiro em 2020, os que permaneceram mais tempo no cargo foram Adílson Batista e Enderson Moreira, ambos com 12 jogos à frente do time, enquanto Ney Franco comandou a Raposa em apenas sete oportunidades. Contudo, todas estas mudanças no comando técnico da equipe parecem ter valido a pena aos torcedores cruzeirenses, já que a diretoria anunciou oficialmente o retorno de Luiz Felipe Scolari ao clube após 19 anos.

Todo o otimismo por parte dos cruzeirenses com a chegada de Luiz Felipe Scolari deve-se ao fato da boa primeira passagem do treinador gaúcho no Cruzeiro entre 2000 e 2001 – época em que a equipe celeste venceu a Copa Sul-Minas -, além do currículo extremamente vitorioso do comandante de 71 anos de idade. Mas apesar da enorme bagagem, não restam dúvidas de que Felipão irá encarar um dos maiores desafios de sua carreira, e isso fica claro quando constatamos que Lisca e Umberto Louzer, os técnicos de América Mineiro e Chapecoense, recusaram as propostas para dirigir a Raposa.

Fora do mercado desde a saída do Palmeiras em setembro do ano passado, Luiz Felipe Scolari vai admitir que aceitou dirigir o Cruzeiro por gratidão ou pela ligação que ele tem junto ao clube mineiro. No entanto, a verdade é que Felipão atravessa uma má fase na carreira, embora o seu trabalho mais recente à frente do Palmeiras não tenha sido ruim em termos de aproveitamento, lembrando que o treinador acumulou o total de 46 vitórias, 21 empates e nove derrotas em 76 jogos no comando Alviverde e, de quebra, conquistou o Campeonato Brasileiro de 2018.

Ainda assim, como o futebol praticado pelo Palmeiras jamais convenceu naquela ocasião, Felipão caiu após o revés do Verdão frente o Flamengo, de Jorge Jesus, por 3 a 0 no Maracanã. Pois é, e um ano e um mês depois, o treinador terá a oportunidade de dar a volta por cima em outro Palestra, o de Belo Horizonte, que conforme constatamos, atravessa a pior crise desde a sua fundação em 1921. Diante de todo este cenário, fica evidente que Scolari precisa do Cruzeiro tanto quanto o Cruzeiro precisa de Scolari, e essa busca para se reerguer no mundo da bola pode render bons frutos à ambos. A ver!

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