Com o ciclo próximo do fim, a geração de ouro do futebol belga viu o sonho de conquistar o primeiro título internacional ser adiado em virtude da queda diante da Itália nas quartas-de-final da Euro2020.
A derrota dos comandados de Roberto Martínez frente os italianos por 2 a 1 na Allianz Arena, ainda não foi digerida pela Bélgica, e não apenas por conta da dura desclassificação nas quartas-de-final da Euro2020, mas principalmente porque mais uma vez a geração de ouro do futebol belga fracassou em sua incessante busca por um título, lembrando que oportunidades não faltaram para isso, tendo em vista que a talentosa safra dos Diabos Vermelhos disputaram as Copas do Mundo de 2014 e 2018, além das edições de 2016 e 2020 da Eurocopa.
É óbvio que a Bélgica pode quebrar este tabu na Copa do Mundo de 2022, sobretudo porque estamos a menos de um ano e meio do início do Mundial. Em contrapartida, é inegável o fato de que muitos jogadores belgas estão próximos do final de suas carreiras. Aliás, esta situação assola praticamente todo o setor defensivo dos Diabos Vermelhos, a julgar pelos 35 anos de idade de Thomas Vermaelen, pelos 34, de Jan Vertonghen, além dos 32, de Toby Alderweireld e Alex Witzel. Por fim, o atacante Dries Mertens, é outro veterano da seleção no auge de seus 34 anos.
Deste modo, é necessário compreender em que circunstâncias os belgas chegarão ao Mundial do Catar. A propósito, embora Eden Hazard não entre na lista de veteranos, ele é mais uma incógnita da seleção da Bélgica devido aos problemas físicos que tanto o atrapalham. Uma prova disso, é que o camisa 7 do Real Madrid disputou somente 21 partidas na temporada passada, e 22 na retrasada, contabilizando míseros 2.441 minutos em campo nos últimos dois anos.
No entanto, outras questões também preocupam os torcedores belgas, como por exemplo, o velho problema das laterais que já vem desde antes da chegada de Roberto Martínez. Para quem não se recorda, os Diabos Vermelhos disputaram a Copa de 2014 com Toby Alderweireld e Jan Vertonghen improvisados em função da falta de opções para a posição, algo que persiste até os dias atuais, vide Thorgan Hazard atuando como ala-esquerdo na Euro2020.
A melhor campanha da Bélgica em Eurocopas deu-se na edição de 1980 do torneio, quando a seleção na época comandada por Guy Thys, ficou com o vice-título europeu.
Ademais, a falta de opções no elenco belga é outro detalhe que deve ser levado em consideração para justificar a escassez de títulos da geração de ouro da Bélgica. Todas as grandes seleções são compostas por pelo menos 15 atletas de alto nível técnico, isto é, mais um problema dos Diabos Vermelhos, donos de um excelente time titular, ainda que com improvisações. Logo, de quase nada adianta você ter nomes de peso na equipe como Thibaut Courtois, Kevin De Bruyne, Eden Hazard e Romelu Lukaku, porém não ter peças de reposição no caso da ausência de qualquer um deles.
Vale ressaltar ainda, que muitos jovens tidos como futuros craques acabaram não vingando na Bélgica, como são os casos de Adnan Januzaj, Christian Benteke, Divock Origi e Michy Batshuayi, ao passo que Youri Tielemans e Dennis Praet caminham para este mesmo rumo. Por isso, a impressão que temos é a de que a terceira posição na Copa do Mundo de 2018 é o máximo que esta geração de ouro do futebol belga poderia – e poderá – oferecer, o que obviamente é digno aplausos por se tratar de um país com pouco mais de 10 milhões de habitantes.
As históricas classificações sobre Brasil e Portugal, nas quartas-de-final da Copa do Mundo de 2018 e da Euro2020, respectivamente, também demonstram a força da Bélgica, de Roberto Martínez, que há mais de três anos ocupa a liderança do ranking da FIFA. Desta maneira, por mais que a eliminação frente à Itália tenha sido dolorosa, a KBVB (Federação Belga de Futebol) nem poderia cogitar uma troca de treinadores neste momento, pois sem Martínez no comando, as chances da geração de ouro belga encerrar o seu ciclo dando uma volta olímpica seriam ainda mais remotas.