Acabou o jejum! Depois de longos 28 anos na fila, enfim os argentinos voltaram a soltar o grito de campeão ao derrotarem o Brasil por 1 a 0 em pleno Maracanã, na grande decisão da Copa América 2020.
Passadas mais de sete décadas da fatídica derrota do Brasil frente o Uruguai (2 a 1) na final da Copa do Mundo de 1950, novamente o estádio do Maracanã presenciou outro histórico revés dos brasileiros, que desta vez, caíram diante da Argentina pelo placar mínimo, na decisão da Copa América 2021. Pois é, e assim como o tento de Claudio Caniggia foi suficiente para a Albiceleste despachar os Canarinhos nas oitavas-de-final do Mundial de 1990, o gol de Ángel Di María garantiu aos argentinos, a quebra do longo tabu de 28 anos sem títulos justamente contra os seus maiores rivais.
Para quem não se recorda, os argentinos não davam uma volta olímpica desde 1993, quando a fortíssima seleção composta por nomes como Gabriel Batistuta, Diego Simeone, Fernando Redondo, Oscar Ruggeri e Sergio Goycochea, ganhou a Copa América na época realizada no Equador. De lá para cá, a Argentina disputou o montante de DEZOITO competições, sem vencer nenhuma delas, lembrando que neste período, a Albiceleste foi vice-campeã das edições de 2004, 2007, 2015 e 2016 do torneio continental, e da Copa do Mundo de 2014, ao perderem da Alemanha no Maracanã.
No entanto, o título da Copa América 2021 ficará marcado pra sempre na memória dos argentinos por ter sido o primeiro de Lionel Messi pela Albiceleste. Embora o camisa 10 já tenha erguido o caneco do Mundial Sub-20 de 2005, além de ter ganho uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 2008, ele jamais havia sido campeão desde que estreou profissionalmente pela seleção bicampeã do mundo há quase 16 anos.
A propósito, a imagem dos atletas da Argentina correndo em direção ao craque Lionel Messi após o encerramento da final contra o Brasil, demonstra o quão importante o título da Copa América era para o jogador do Barcelona. Sempre comparado ao ídolo Diego Maradona, Messi ainda sofria com constantes críticas tanto de uma parte da mídia quanto de alguns torcedores argentinos, por não repetir do sucesso de Maradona na seleção.
Dos 28 jogadores convocados por Lionel Scaloni para a disputa da Copa America 2021, 19 não eram nascidos no último título argentino antes deste.
Diante disso tudo, os argentinos consideram esta conquista continental como o fim de uma “era pra lá de obscura” que assolava a seleção, especialmente porque vencer o Brasil não tem sido uma tarefa nada fácil aos adversários, ainda mais em solo brasileiro, aonde os pentacampeões mundiais não eram derrotados desde o revés frente à Bélgica por 3 a 0, na disputa do terceiro lugar da Copa do Mundo de 2014. Além disso, os Canarinhos jamais haviam perdido uma Copa América atuando em seus domínios, quer dizer, outro grande feito alcançado pela Argentina, de Lionel Scaloni.
Aliás, vale ressaltar que a Argentina tornou-se uma verdadeira pedra no sapato do técnico Tite, afinal, das cinco derrotas sofridas pelo comandante gaúcho à frente da Seleção Brasileira, TRÊS foram para os argentinos (todas por 1 a 0 ), inclusive o revés mais recente do Brasil havia sido exatamente para os hermanos, em novembro de 2019. Assim, a Albiceleste chegou ao seu VIGÉSIMO jogo seguido sem derrota, somando 13 vitórias e sete empates neste período, o que levou o treinador Lionel Scaloni a quebrar a invencibilidade de 18 partidas de Marcelo Bielsa entre 2000 a 2002.
Desta maneira, a Argentina faturou o seu 15º título da Copa América, igualando-se ao Uruguai como os maiores vencedores do torneio sul-americano no decorrer da história. Por fim, foram exaustivos 45 dias de trabalho, mais de 40 mil quilômetros percorridos, e sete jogos disputados, para que enfim a Albiceleste retomasse o caminho das vitórias. Sim, ainda que esta não seja uma conquista de Copa do Mundo, para os argentinos ela tem o mesmo valor por sinalizar o início de uma nova era, de um novo tempo, de um novo ciclo!