As místicas noites de Champions League do Atlético de Madrid

Mais uma vez o Atlético de Madrid viveu uma memorável noite de Champions League, a primeira do estádio Metropolitano – incorporado pela alma do Vicente Calderón -, marcada pela angustiante classificação dos colchoneros, nas penalidades, às quartas-de-final do torneio continental.

A propósito, se não fosse sofrido não seria Atlético de Madrid. Pois é, são justamente jogos como este de ontem (13) frente a Inter de Milão, que caracterizam a riquíssima trajetória e o lema dos rojiblancos na competição, um panorama que se estabeleceu pra valer, é claro, a partir da chegada de Diego Simeone ao clube da capital espanhola em 2011.

De lá pra cá, o Atleti participou onze vezes consecutivas da Champions League, registrando as suas oito melhores campanhas no campeonato ao longo deste emblemático período em que Cholo Simeone o consolidou como uma potência do futebol espanhol, alcançando o nível jamais antes imaginado dos poderosos Real Madrid e Barcelona.

Não à toa, o Atlético de Madrid ergueu oito canecos sob o comando de Diego Simeone, dentre os principais, dois da LaLiga, dois da Europa League e um da Copa do Rei, o que significa que ainda lhe falta um título para completar esta seleta galeria. E qual? Exatamente o da Champions League, que esteve muito próximo nos vices das temporadas 2013-14 e 2015-16, ambos ante o Real Madrid.

Contudo, a incessante busca do Atlético de Madrid pelo inédito título europeu teve mais uma página escrita numa especial noite de Champions League, desta vez contra a Inter de Milão no estádio Metropolitano que, inclusive, viu o seu recorde de lotação ser quebrado devido a presença de 69.196 torcedores.

A situação dos colchoneros, que já não era fácil em virtude do revés pelo placar mínimo no jogo de ida das oitavas-de-final em Milão, se complicou ainda mais depois que Federico Dimarco abriu o marcador a favor da Internazionale aos 33 minutos de partida, um resultado que obrigava o Atleti a fazer ao menos dois gols para disputar a prorrogação.

No entanto, um dos principais destaques do time madrilenho na temporada, Antoine Griezmann, entrou em ação dois minutos mais tarde para igualar a contagem, mantendo o empate em 1 a 1 que perdurou até o tento salvador de Memphis Depay aos 42 minutos da etapa final, quer dizer, tudo na base do drama que poderia ter terminado se o jovem Rodrigo Riquelme, de 23 anos de idade, não desperdiçasse uma chance claríssima de gol nos acréscimos.

Ainda que com a vitória dos rojiblancos por 2 a 1, o jogo foi pra prorrogação, onde o empate persistiu e, consequentemente, levou a decisão do confronto para os pênaltis, isto é, um enredo com a cara do Atlético de Madrid, que teve um final feliz graças as duas cobranças defendidas pelo goleiro Jan Oblak, somado ao “arremate na lua” concedido por Lautaro Martínez. Assim, os pupilos de Diego Simeone se garantiram entre os oito melhores clubes da Europa.

Em todo o caso, essa mística noite de Champions League também evidenciou que o Atlético de Madrid consegue lidar muito bem sob pressão, algo que até serve como uma espécie de combustível ao time, a julgar pela recente queda por 3 a 0 diante do Athletic Bilbao nas semifinais da Copa do Rei, além da derrota por 2 a 0 para o Cádiz, antepenúltimo colocado na tabela da LaLiga.

Com isso, um tropeço perante os italianos significaria o precoce fim de temporada aos colchoneros, atualmente na quarta posição da LaLiga, separados a 14 pontos do Real Madrid. Apesar disso, do 1 a 0 no Giuseppe Meazza, e do excelente momento vivido pela Inter de Milão, líder isolada da Serie A e invicta até então em 2024, eles conseguiram desclassificar os vice-campeões europeus mesmo tendo uma equipe tecnicamente inferior.

O Atlético é uma equipe incrível. É emocionante e quando é como foi hoje o entusiasmo cresce, geramos essa euforia e força. Estamos mais uma vez entre os oito melhores da Europa e isso diz muito sobre o clube. A única coisa que digo é obrigado. Estou aqui há 12 anos e ainda penso o mesmo de quando era um jovem técnico iniciante.

Diego Simeone, treinador do Atlético de Madrid

Vale ressaltar ainda, que em meio a essa mistura do tático, do emocional e do ambiente, Diego Simeone alcançou a incrível marca de 50 vitórias à frente do Atlético de Madrid pela Champions League, um registro superior em comparação ao de todos os demais antecessores juntos pela competição.

Logo, por mais que alguns digam que o sofrimento é uma das principais essências do cholismo, é inegável que os triunfos também são, incluindo alguns contra adversários melhores como era o caso do Liverpool nas oitavas-de-final da pandêmica temporada 2019-20, e foi o da Inter de Milão há menos de 24 horas.

Seja como for, a realidade é que agora o Atlético de Madrid navegará em águas calmas até o próximo mês de abril, quando o hino da Champions League tocará novamente no estádio Metropolitano, trazendo junto de si toda a magia que envolve o clube, a torcida, o torneio e, principalmente, Diego Simeone.

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