A eterna reconstrução do Chelsea prossegue, agora sob as rédeas de Enzo Maresca

Um novo ciclo, uma nova temporada, um novo treinador, novos jogadores, e novas perspectivas. Pois é, nada mudou no Chelsea, que inicia outro processo de reconstrução às vésperas da estreia na edição 2024-25 da Premier League.

Aliás, o fato do Chelsea começar a terceira temporada da “era Todd Boehly” tendo o quarto treinador permanente no cargo, justifica totalmente a tese de que o clube do oeste de Londres atravessa uma constante reformulação. Contudo, o responsável por liderá-lo nesta nova etapa é o técnico Enzo Maresca, ex-auxiliar de Pep Guardiola e campeão da Championship League 2023-24 à frente do Leicester.

Logo, apesar do vice-título da Copa da Liga, além da sexta colocação na tabela da Premier League na última temporada, que acabou resultando na classificação dos Blues à Conference League, o treinador Mauricio Pochettino não resistiu a forte pressão que o assolava pelos lados do Stamford Bridge, e foi demitido neste meio de ano para a chegada de Enzo Maresca.

No entanto, pior do que a mudança é o quão impactante ela se apresenta, tendo em vista que Enzo Maresca tem características completamente distintas em relação ao antecessor. Formado por Pep Guardiola, não é difícil presumir que o treinador italiano seja adepto de um estilo de jogo ofensivo e dominante através da posse de bola, o que significa que até o goleiro Robert Sánchez passará a execer um papel fundamental na construção das jogadas juntamente com os zagueiros no 3-2-5, enquanto os laterais se deslocam ao meio-campo como típicos armadores.

Inclusive, durante os amistosos de pré-temporada foi possível notar os laterais Reece James e Malo Gusto atuando em lados invertidos para favorecer a construção por dentro, dada a qualidade técnica de ambos. Entretanto, vale ressaltar que o Chelsea cometeu diversos erros na saída de bola que até culminaram em gols. Todavia, algo absolutamente natural por se tratar da implementação de um novo sistema de jogo.

Por este motivo, a realidade é que Enzo Maresca se encontra em um estágio semelhante ao de Mauricio Pochettino neste mesmo momento da temporada anterior, lembrando que os Blues começaram a Premier League de maneira irregular somando um mísero triunfo — sobre o recém-promovido Luton Town — nas seis primeiras partidas do campeonato (3D-2E), porém tiveram um grande avanço a partir de 2024, registrando um único revés nas últimas 15 rodadas (9V-5E).

Outro fator que deve tornar a missão de Enzo Maresca mais complicada em comparação a Mauricio Pochettino no clube inglês é a Conference League, a julgar que o Chelsea não disputou nenhum torneio continental na temporada 2023-24, o que obrigará o ex-comandante do Leicester a rotacionar o elenco devido a agenda mais pesada com maior quantidade de jogos e viagens, por vezes a países distantes como aqueles situados no leste europeu.

À vista disso, será absolutamente natural vermos o Chelsea oscilar no início da temporada, marcada pela estreia contra o Manchester City na rodada inicial da Premier League, por mais que a base da equipe que encerrou a competição na sexta posição tenha sido mantida, com exceção ao volante Conor Gallagher, negociado junto ao Atlético de Madrid, bem como ao zagueiro Trevoh Chalobah, afastado por ter sido colocado à venda pela diretoria do clube londrino.

Em contrapartida, o plantel do Chelsea foi reforçado com a vinda de nove novos jogadores que juntos custaram o montante de 189 milhões de euros, dentre os quais se destacam o habilidoso ponta-direita Pedro Neto, ex-Wolverhampton, além do meia Kiernan Dewsbury-Hall, que foi comandado por Enzo Maresca ao longo da campanha triunfal do Leicester na Championship League.

De qualquer maneira, não deve estar sendo nada fácil para Enzo Maresca administrar o vestiário do Chelsea, e não somente pela falta de experiência do novato treinador de 44 anos de idade, como também pelo excessivo número de 42 atletas que compõe o grupo. Em outras palavras, um drama também vivido por Thomas Tuchel e Mauricio Pochettino, pois quem não se recorda do zagueiro Thiago Silva dizendo que faltavam armários para tantos jogadores no Stamford Bridge?

A propósito, sair contratando jovens promessas a rodo, na maioria das vezes sem a mínima necessidade, é um dos principais problemas gerados pela gestão da Clearlake Capital Group no Chelsea, vide o exemplo da dupla ex-Santos, Ângelo e David Washington, ambos adquiridos pela bagatela de 31 milhões de euros no ano passado, e até hoje sem espaço na equipe.

Ainda assim, há motivos para a torcida do Chelsea ser positiva, considerando as condições físicas de Reece James, Romeo Lavia e Christopher Nkunku, a grande Eurocopa de Marc Cucurella — campeão pela Espanha, mas que jamais se firmou desde que chegou ao clube em 2022 —, a ascensão de Malo Gusto sob a batuta de Mauricio Pochettino, além da ótima temporada realizada por Cole Palmer, certamente, o destaque dos Blues na atualidade.

Seja como for, Enzo Maresca terá um longo caminho a percorrer, e ainda que altos e baixos façam parte do processo natural que envolve essa caminhada, será fundamental que ele extraia o melhor do jovem time do Chelsea o mais rápido possível, ou então, um desfecho similar ao de Mauricio Pochettino lhe aguardará daqui a um ano.

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