Desafios não faltam para Guardiola no Manchester City

O que você imaginaria se em agosto deste ano uma pessoa te dissesse que o Manchester City iniciaria dezembro com dois dígitos de distância em relação ao líder da Premier League? Certamente, no mínimo pensaria que ela está fazendo uso de substâncias pesadas, ou não bate bem da cabeça.

Em contrapartida, uma previsão como essa somente justifica a tese de que nunca devemos duvidar dos “loucos”, ou então que precisamos acreditar fielmente que ainda existem profetas no mundo, tendo em vista que os atuais tetracampeões ingleses adentraram o último mês de 2024 situados na QUINTA posição da Premier League e, pasmém, separados a onze pontos do primeiro colocado, Liverpool.

Pode até soar exagero, mas a realidade é que o Manchester City se colocou em um nível de excelência tão grandioso por intermédio da hegemonia que construiu no certame do futebol inglês, que causa enorme espanto vê-lo fora do G-4, ostentando uma negativa sequência de sete jogos seguidos sem vitórias na temporada, que inclui a série de quatro derrotas nas quatro rodadas anteriores da Premier League. Aliás, resultados que fizeram os Citizens passarem o mês inteiro de novembro sem vencer uma única partida.

DataPartidasTorneio
30/10Tottenham 2×1 Man.CityCopa da Liga
02/11Bournemouth 2×1 Man.CityPremier League
05/11Sporting CP 4×1 Man.CityUCL
09/11Brighton 2×1 Man.CityPremier League
23/11Man.City 0x4 TottenhamPremier League
26/11Man.City 3×3 FeyenoordPremier League
01/12Liverpool 2×0 Man.CityPremier League

Por sinal, é importante destacar que o Manchester City vencia o Feyenoord por 3 a 0 até os 30 minutos do segundo tempo no único jogo que lhe rendeu lhe um ponto no decorrer desta ingrata maratona de sete compromissos. Deste modo, fica evidente que foi o típico empate com sabor de derrota aos comandados de Pep Guardiola, que sofreram o montante de 19 gols e balançaram as redes apenas sete vezes no período.

De qualquer maneira, pior do que isso tudo é o futebol praticado pelo Manchester City, um time totalmente desorientado em campo, regido por um treinador perdido fora das quatro linhas, a ponto inclusive de não sabermos qual a real identidade dos Citizens, uma equipe não adepta a um modelo de jogo baseado na posse de bola, e tampouco nas transições ou até mesmo nos cruzamentos à área, já que eles não caracterizam estilo algum.

A explicação para esta abrupta queda de rendimento? De acordo com Pep Guardiola, é o baixo desempenho do Manchester City na conclusão das jogadas, o que não deixa de ser uma verdade, a julgar pelo último embate contra o Tottenham, em que o City finalizou o total de 23 vezes mediante 9 arremates por parte dos londrinos, que no final das contas ganharam por 4 a 0 em pleno Etihad Stadium.

Ao mesmo tempo, essa retórica de Pep Guardiola se mostra muito rasa em meio aos problemas de maior grau — cada vez mais visíveis — que assolam o Manchester City, dentre os principais, o fato do treinador espanhol não estar encontrando uma solução para resolver a impactante perda de Rodri, algo que ele já conseguiu nos momentos em que relevantes peças como Kevin De Bruyne, Jack Grealish e Ilkay Gundogan desfalcaram a equipe.

A primeira alternativa de Pep Guardiola foi promover a entrada de Mateo Kovacic na vaga de Rodri, porém a abismal diferença técnica entre ambos diminuiu tanto o poder de marcação quanto o de criação do meio-campo, até porque a posição de origem do croata é de segundo volante. Contudo, a crise do Manchester City realmente se intensificou depois que o ex-jogador do Chelsea também se lesionou na última Data Fifa, diminuindo ainda mais as opções no curto elenco dos Citizens.

À vista disso, Pep Guardiola se viu obrigado a retomar o esquema 4-2-3-1, mas desta vez escalando Ilkay Gundogan e Bernardo Silva como volantes, enquanto Rico Lewis, que vem jogando mais adiantado e aberto pela direita, recompõe a marcação no meio-campo durante as fases defensivas, o que fica bastante claro através do mapa de posicionamento dos jogadores na última partida em Anfield, conforme destacado na imagem abaixo:

18- Stefan Ortega 2 -Kyle Walker
3- Rúben Dias 25- Manuel Akanji
6- Nathan Aké 19- Ilkay Gundogan
20- Bernardo Silva 82- Rico Lewis
47- Phil Foden 27- Matheus Nunes
9- Erling Haaland.

Outra invenção de Pep Guardiola, que até o momento não rendeu bons frutos — muito pelo contrário —, é a utilização do volante Matheus Nunes como meia aberto pela esquerda. Isso porque com o camisa 27 deslocado, o Manchester City perde demais na parte ofensiva, onde ele não produz nada, e defensivamente, em que só cobre a subida do lateral adversário. Em outras palavras, funções que Savinho, Jéremy Doku ou Jack Grealish exerceriam melhor por acrescentarem nos aspectos coletivo e individual.

Logo, com jogadores menos combativos e até passando a chegar atrasados nas jogadas, o Manchester City diminuiu a intensidade e caiu de ritmo fisicamente, um ponto que também é oriundo do envelhecimento do time composto por alguns atletas com idade superior aos 30 anos de idade, como são os casos de Ilkay Gundogan (34), Kevin De Bruyne (33) e Kyle Walker (34), que não lembra nem de longe aquele lateral que anulou Vinícius Júnior nas semifinais da edição 2022-23 da Champions League.

Assim, embora derrotado por 2 a 0, placar que não traduz o que aconteceu em Anfield, o Manchester City foi, literalmente, atropelado pelo Liverpool em todas as fases da partida, quando atacou de forma mais intensa no terço inicial, e também nos instantes em que preferiu controlar as ações de maneira moderada. Não à toa, o chute de Rico Lewis, aos 39 minutos, foi o primeiro do City no jogo.

Portanto, além de reencontrar uma nova forma da equipe jogar na temporada já perdida no que diz respeito a briga pelo pentacampeonato inglês, Pep Guardiola ainda precisará iniciar uma urgente reformulação no plantel dos Citizens. Ou seja, um longo caminho a ser percorrido por quem recentemente renovou o contrato junto ao clube por mais dois anos em busca de novos desafios.

E haja desafios!

2 Comentários

  1. Isso são as mudanças que acontecem a todo tempo no Futebol. Os adversários sabem da qualidade do elenco, mais vão pro jogo com sangue nos olhos e dispostos a vencer. O City é praticamente uma seleção, mais nesses últimos jogos não tem sido nada fácil. O grande problema é que com um técnico desses e um elenco fortíssimo, sempre serão cobrados. Mais nada como um dia após o outro, as coisas vão se encaixar.

    • JoaoRicardo Responder

      Gosto muito das suas análises. Realmente, o City alcançou um nível de excelência que o impede de oscilar. Mas logo tudo se excaixará novamente com tantos bons jogadores e um técnico que dispensa comentários.
      Obrigado pelos comentários!

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