“Nunca deixe de crer”, a frase que mais representa o Atlético de Madrid e está constantemente estampada através de faixas, bandeiras e cachecóis no estádio Metropolitano, se fez valer na visita ao Barcelona pelo jogo de ida das semifinais da Copa do Rei.
A propósito, uma das partidas de semifinal mais eletrizante da história do torneio por tudo o que aconteceu no estádio Olímpico de Montjuic. A começar porque em apenas 6 minutos de jogo o Atlético de Madrid abriu uma confortável vantagem de 2 a 0 no placar com gols da dupla de ataque Julián Alvarez e Antoine Griezmann, deixando a sensação de que o confronto frente o Barcelona estava precocemente resolvido.
No entanto, o que nem o mais pessimista dos torcedores rojiblancos imaginava é que o Barça viraria a contagem ainda na etapa inicial através dos gols de Pedri, Pau Cubarsí e Iñigo Martínez, e aos 29 minutos do segundo tempo ampliaria a vantagem com Robert Lewandowski, após grande jogada e assistência de Lamine Yamal. Não à toa, gritos de olé foram entoados nos instantes finais da partida cuja impressão era a de que a vaga dos blaugranas na decisão da Copa do Rei estava assegurada.
Todavia, assim como escrevi num artigo recente jamais subestime o Atlético de Madrid, afinal, trata-se de um clube que nunca desiste, tampouco nas situações mais adversas em que ele parece se fortalecer. Pois é, e o Barcelona sentiu isso na pele quando Marcos Llorente, aos 39 minutos, e Alexander Sorloth, aos 48 minutos, igualaram o marcador dando números finais ao jogo: 4 a 4.
Embora titular em apenas 13 dos 37 jogos desde que chegou ao Atlético de Madrid no início da temporada, Alexander Sorloth já contabiliza o montante de 13 gols pelo clube.
Aliás, novamente ficou claro que umas das principais armas do Atlético de Madrid é a profundidade do qualificado plantel de Diego Simeone que permite com que jogadores que iniciam as partidas no banco de reservas, por vezes, decidam as partidas. Para se ter uma ideia, 15 gols e cinco assistências registradas pelo Atleti na temporada tiveram peças de reposição como autores, sendo que Alexandre Sorloth, artilheiro entre os suplentes na Europa, marcou oito deles.
Outro detalhe não menos relevante é a força física e mental do Atlético do Madrid, o clube dentre as cinco principais ligas europeias que fez mais gols após os 35 minutos do segundo tempo na temporada 2024-25. Dos 28 gols marcados a dez minutos do final dos jogos, onze foram decisivos para vitórias e cinco para empates. Soma-se a isso o fato de que 16 deles foram assinalados nos acréscimos.
94' Koke vs Girona
— Atlético de Madrid (@Atleti) February 26, 2025
92' Correa vs Athletic
94' Julián vs Valencia
90' Josema vs Leipzig
90' Julián vs Celta
95' Correa vs Real Madrid
99' Sørloth vs Leganés
93' Correa vs PSG
92' Sørloth vs Valladolid
92' De Paul vs Cacereño
96' Julián vs Cacereño
94' Grizi vs Sevilla
96' Sørloth… pic.twitter.com/ZMl3I5slNq
Inclusive, é absolutamente comum que partidas com placares tão extensos sejam de baixo nível técnico e repletas de falhas por parte das equipes. Entretanto, este não foi o caso em Montjuic, onde Barcelona e Atlético de Madrid fizeram um grande jogo e se sobressaíram nos momentos em que se propuseram a atacar, ainda que num curtíssimo espaço de tempo como foi o caso do esquadrão de Diego Simeone, aos cinco minutos iniciais e nos últimos dez.
Por sinal, essa é uma das críticas que tenho em relação ao técnico Diego Simeone, já que na minha opinião eu acredito que o Atlético de Madrid jogaria melhor se atuasse mais tempo de maneira ofensiva, ocupando o campo adversário e, é claro, o pressionando, a julgar pelo alto rendimento dos colchoneros no decorrer das poucas fases das partidas em que isso acontece.
É óbvio que o Atlético de Madrid não precisa atuar ofensivamente durante os noventa minutos de uma partida, mas deveria atacar mais tempo. Outro caso que serve como exemplo para justificar essa tese foi o duelo das quartas-de-final da edição 2021-22 da Champions League diante do Manchester City, em que os espanhóis perderam pelo placar mínimo no Etihad Stadium, e ainda assim só decidiram ir pra cima dos ingleses no terço final do jogo de volta, quando por pouco não balançaram as redes. Como resultado, o Atleti se despediu da competição com um amargo empate sem gols em pleno estádio Metropolitano.
De qualquer maneira, o Atlético de Madrid retorna à capital espanhola no lucro depois de estar perdendo do Barcelona por 4 a 2 a seis minutos do término da partida. E apesar dos poucos minutos em campo, Alexander Sorloth foi mais uma vez decisivo a favor dos rojiblancos ao sair do banco de reservas e deixar a sua marca nos acréscimos, da mesma forma que ele já havia feito há exatos dois meses na primeira vitória de Diego Simeone ante os blaugranas em solo catalão.
Alexander Sørloth nos últimos 5 jogos contra o Barcelona por Real Sociedad, Villarreal e Atlético de Madrid:
— Sofascore Brasil (@SofascoreBR) February 25, 2025
???? 3V-1E-1D (!)
⚽ 5 gols (3 seguidos após os 90 mins!)
???? 3 assistências (!)
???? 8 participações em gols (!)
⏰ 38 mins p/ participar de gol (!)
???? 2.0 finalizações p/… pic.twitter.com/xuuW1rK0BL
Vale ressaltar que o jogo de ida das semifinais da Copa do Rei abriu a complexa sequência que o Atlético de Madrid terá de encarar até o jogo de volta que ocorrerá somente no dia 02 de abril, lembrando que neste interím os colchoneros enfrentarão Athletic Bilbao, Getafe, Espanyol e o próprio Barcelona, todos pela LaLiga, além do Real Madrid, em duas oportunidades pelas oitavas-de-final da Champions League.
Deste modo, é inegável que essa remontada em Montjuic veio num ótimo momento ao Atlético de Madrid, por mais que isso seja tão fundamental ao confiante time que se mantém invicto contra Real Madrid e Barcelona na atual temporada somando três empates e uma vitória. Além disso, três dos próximos quatro clássicos ante os rivais espanhóis serão disputados no estádio Metropolitano, palco em que os colchoneros perderam um dos 18 jogos realizados no período — do Lille pela fase de liga da Champions League, por 3 a 1.
Portanto, o Atlético de Madrid, derrotado uma única vez nos últimos 25 compromissos, vem provando a cada partida ter totais condições de brigar pelas três frentes nesta temporada (LaLiga, Copa do Rei e Champions League), algo que será realmente esclarecido por intermédio do regresso, ou não, dos colchoneros à decisão da Copa do Rei após longos 12 anos.
A ver!