Troca de Thiago Motta por Igor Tudor é a cartada final da Juventus para salvar a temporada

As recentes declarações do diretor esportivo Cristiano Giuntoli ao afirmar que Thiago Motta permaneceria à frente da Juventus pelo menos até o término da temporada já sinalizava a saída do técnico ítalo-brasileiro, afinal, sempre que um dirigente passa a bancar a continuidade de um treinador no clube as chances de demissão são absolutas.

Dito e feito, bastou a chegada da primeira Data Fifa de 2025, sendo a última da temporada 2024-25, para que o adeus de Thiago Motta — cujo contrato era válido até 2027 — fosse confirmado, inclusive com o mesmo Cristiano Giuntoli dizendo que se sente envergonhado por tê-lo escolhido para comandar a Juventus, de acordo com o jornal La Gazzetta dello Sport.

Contudo, a desprezível temporada da Juventus deve realmente envergonhar a cúpula diretiva do clube, a começar pela precoce queda ante o PSV Eindhoven nos playoffs de repescagem da Champions League, lembrando que os holandeses foram eliminados já na fase seguinte ao caírem frente o Arsenal com direito a uma acachapante goleada por 7 a 1 em pleno Philips Stadion, isto é, local em que os bianconeri foram derrotados por 3 a 1.

Uma semana depois foi a vez do Empoli aparecer no caminho da Juventus, isso porque o time então na lanterna da Serie A visitou os pupilos de Thiago Motta pelas quartas-de-final da Coppa Italia, e regressou de Turim como semifinalista do torneio — ganho pela Juve na temporada passada sob a batuta de Massimiliano Allegri —, em virtude da vitória por 4 a 2 nas penalidades, após empate em 1 a 1 no tempo regulamentar.

Aliás, os empates se tornaram a marca registrada da curta passagem de nove meses de Thiago Motta por Turim, isso porque o jovem treinador de 42 anos de idade acumulou o montante de 17 empates ao longo das 42 partidas no comando da Juventus, registrando 18 vitórias e sete derrotas nos demais compromissos, o que resulta num decepcionante índice de 42,8% de aproveitamento, além de uma baixíssima média de 1,69 pontos conquistados por jogo.

Logo, fica claro que o excessivo número de empates foi preponderante para comprometer a caminhada da Juventus na Serie A, a julgar pela QUINTA POSIÇÃO na tabela do campeonato com 52 pontos, um a menos em relação ao quarto colocado Bologna, curiosamente, o ex-clube de Thiago Motta que não sentiu o impacto causado pela saída do técnico que o conduziu à Champions League após quase seis décadas. Não à toa, a Juve registra sua pior média de pontos no Calcio nos últimos 30 anos.

No entanto, a gota d’água para a Juventus sacramentar a demissão de Thiago Motta foram as derrotas nas duas rodadas anteriores da Serie A, em que os bianconeri perderam da Atalanta por 4 a 0 no Allianz Stadium, sofrendo a maior goleada atuando em seus domínios desde 1967, seguido do revés por 3 a 0 em Florença diante da rival Fiorentina, que havia vencido apenas um dos últimos cinco jogos na competição.

Deste modo, sem a menor confiança no trabalho de Thiago Motta e ao mesmo tempo pressionada pela torcida, a Juventus aproveitou a pausa no calendário por conta da Data Fifa para iniciar as buscas por um novo treinador para ocupar o posto daquele que se tornou o sexto despedido pelo clube no meio de uma temporada regular até hoje. Por sinal, os nomes de Roberto Mancini e Igor Tudor, ambos livres no mercado, eram os dois que estavam na pauta da diretoria que, no final das contas, acabou optando pela vinda do croata.

A propósito, a razão principal pela escolha de Igor Tudor é que ele aceitou a ideia de firmar um contrato curto até o final da temporada, obviamente, podendo ser renovado caso a Juventus, por exemplo, consiga a classificação à próxima edição da Champions League. Ainda segundo a mídia italiana, Roberto Mancini ficou entusiasmado com a chance de dirigir a Juve, porém apenas sob a condição de um vínculo contratual extenso junto ao clube.

À vista disso, a Juventus, que precisará pagar a multa rescisória no valor de 20 milhões de euros para Thiago Motta e a sua comissão técnica, anunciou a contratação de Igor Tudor nestas nove últimas rodadas da Serie A. Consequentemente, o ex-treinador da Lazio retorna ao clube pelo qual atuou como zagueiro em 174 partidas entre 1998 e 2007, mas agora para defendê-lo fora das quatro linhas.

Portanto, a realidade é que a Juventus mudará completamente a abordagem tática nessa reta final de temporada, levando em consideração que Igor Tudor é um treinador adepto a um estilo mais ofensivo, vertical e de alta intensidade, enquanto Thiago Motta é a favor do jogo posicional baseado no controle através da posse de bola, que visa chegar ao gol adversário por intermédio da troca de passes. Em outras palavras, um passo arriscado dado pelos bianconeri.

Evidentemente, Thiago Motta realizou um trabalho bastante aquém das expectativas na Juventus, sendo até capaz de fazer os torcedores da Juventus sentirem saudades de Massimiliano Allegri. Vale ressaltar que a má gestão de grupo foi o maior problema encontrado por ele, vide a péssima condução na saída do ex-capitão Danilo, bem como as conturbadas relações tanto com o atacante Dusan Vlahovic quanto com o recém-contratado Douglas Luiz.

Isso explica porque, dentre todo os jogadores da Juventus, apenas Samuel Mbangula se despediu de Thiago Motta nas redes sociais. De resto, as recentes postagens mostram desejos de feliz aniversário (Manuel Locatelli), fotos ao lado de familiares (Bremer), além de postagens sobre os compromissos internacionais da Data Fifa (Kenan Yildiz, Francisco Conceição, Teun Koopmeiners e Dusan Vlahovic). Quer dizer, um ensurdecedor silêncio que retrata o inexistente carinho do elenco junto ao antigo comandante.

Seja como for, é inegável que o trabalho de Thiago Motta merece críticas devido aos maus resultados, ao pífio futebol praticado, além de tantas frustrações. Todavia, seria injusto apontá-lo como único responsável pela desastrosa temporada da Juventus, sobretudo porque quem o contratou, montou o plantel, e negociou algumas peças, tem tanta culpa quanto aquele que demonstrou ainda não estar pronto para liderar uma grande equipe.

De qualquer maneira, inicialmente o objetivo primordial da Juventus nas nove rodadas finais da Serie A é garantir a classificação na Champions League, levando em conta as altíssimas cifras recebidas pelos clubes que a disputam. Por outro lado, ainda que a vaga seja confirmada é improvável que Igor Tudor permaneça no cargo, uma vez que o planejamento dos bianconeri a longo prazo visa o retorno de Antonio Conte já na próxima temporada.

Antonio Conte? Sim, na visão da Juventus completar cinco anos sem ganhar um scudetto é algo inadmissível para um clube que na última década conquistou nove seguidos, o que significa que não existem mais margens para erros, apostas, ou experiências com treinadores promissores. Sob essa perspectiva, o momento pede um comandante multi-campeão, com currículo pesado, e pedigree da Vecchia Signora.

Ou seja, na tradução literal: Antonio Conte.

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