O fantasma da terceira ausência seguida em Copas já começou a assombrar a Itália

A estreia da Itália nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026 não poderia ter sido pior, tendo em vista que os italianos retornaram de Oslo com um duríssimo revés por 3 a 0 diante da Noruega na babagem.

Como resultado, o velho fantasma de não ter disputado as últimas duas Copas em virtude das pífias campanhas realizadas nas Eliminatórias de 2018 e 2022 voltou a assombrar novamente os tetracampeões mundiais, que optaram pela demissão de Luciano Spalletti, conforme informado pelo próprio treinador — ao invés do presidente da FIGC (Federação Italiana de Futebol), Gabriele Gravina — às vésperas do jogo contra a Moldávia.

Aliás, vale ressaltar que o modus operandis dessa demissão foi alvo de duras críticas por parte da mídia italiana, isso porque Gabriele Gravina queria anunciá-la publicamente somente depois da partida frente a Moldávia, porém Luciano Spalletti, visivelmente emocionado, deu a notícia na entrevista coletiva pré-jogo, inclusive relatando que abrirá mão dos salários que tem direito a receber até o final do contrato que se encerrará depois do Mundial da América do Norte.

Logo, a realidade é que Luciano Spalletti cumpriu uma espécie de aviso prévio no triunfo da seleção italiana sobre a modesta Moldávia, por 2 a 0, em Régio da Emília, que lhe garantiu a 3ª colocação do grupo I das Eliminatórias, mesmo tendo jogos a menos em comparação aos demais concorrentes. Assim, o ex-treinador do Napoli se despediu da Azzurra após uma curta passagem de 24 jogos, compostos por 12 vitórias, 6 empates, 6 derrotas, 40 gols marcados e 29 sofridos.

Grupo IPontosJogosV-E-DGols M-SAprov.
1º Noruega1244-0-013-2100%
2º Israel632-0-17-666%
3º Itália321-0-12-350%
4º Estônia341-0-35-825%
5º Moldávia030-0-32-100%

Considerando a inferioridade técnica dos adversários da Itália nas Eliminatórias, cujo melhor posicionado no ranking da FIFA é a Noruega ocupando somente o 38º lugar, parecia bastante improvável que a Itália consegueria a façanha de não se classificar à Copa do Mundo pela terceira vez consecutiva, o que justificava as palavras de Luciano Spalletti no momento da sua demissão, ao afirmar que qualificaria a Azzurra ao Mundial de 2026.

Em todo o caso, a situação não é tão simples como parece, já que apenas o líder do grupo garante vaga direta na Copa do Mundo. Portanto, como os italianos já perderam por 3 a 0 da Noruega, e os nórdicos venceram a terceira seleção mais forte da chave como é o caso de Israel, fora de seus domínios, tudo indica que a Itália terá outra repescagem pela frente.

Seja como for, ainda que o trabalho de Luciano Spalletti não fosse digno de demissão, é inegável que a Itália jamais convenceu sob o comando do técnico de 66 anos de idade. Ao mesmo tempo, é importante destacar que a atual geração italiana é uma das mais fracas da história — se não a mais —, vide a eliminação por 2 a 0 frente a Suíça nas oitavas-de-final da Eurocopa no ano passado.

Diante do exposto, é impossível imaginar uma acentuada melhora da seleção italiana após a chegada de um novo treinador, seja ele quem for. A propósito, a busca da FIGC pelo sucessor de Luciano Spalletti teve início de maneira negativa, a julgar que o principal candidato, Claudio Ranieri, rejeitou a oferta recebida pela entidade, contrariando completamente as expectativas.

Nos últimos dias, o assunto envolvendo a ida de Claudio Ranieri à Squadra Azzurra tomou conta do noticiário esportivo italiano, em especial porque este movimento poderia infringir a lei de que um profissional ligado a qualquer clube não pode trabalhar pararelamente junto à seleção. Todavia, a própria Roma deu sinal verde a favor da negociação ao informar que Ranieri passará a realizar um serviço sem vínculo algum como conselheiro consultor do proprietário Dan Friedkin, isto é, a mesma função que Zlatan Ibrahimovic exerce no Milan.

Por sinal, as esperanças dos torcedores italianos se renovaram com a possibilidade de Claudio Ranieri assumir a Itália, é claro, em razão do excelente trabalho desenvolvido pelo técnico que abriu mão da aposentadoria para salvar a temporada da Roma, que subiu da 12ª para a 5ª posição da da Serie A depois do seu retornou ao clube da capital após cinco anos.

No entanto, com a inesperada negativa por parte de Claudio Ranieri, a FIGC já se debruça encima de outros nomes como Stefano Pioli, atualmente no Al-Nassr e com contrato válido por mais uma temporada, além de Roberto Mancini, campeão da Euro 2020 com a Azzurra, e disponível no mercado após uma decepcionante passagem pela Arábia Saudita, lembrando que ele deixou a Itália justamente para dirigir o selecionado saudita há dois anos.

Contudo, essa ação de Roberto Mancini ao trocar a Itália pela Arábia Saudita em 2023, pesa totalmente contra ele que, na época, disse ter priorizado o audacioso projeto esportivo saudita, e não as altíssimas cifras que lhe seriam pagas. Pois é, acredita quem quer. Por este motivo, alguns dos tetracampeões mundiais de 2006 também surgiram como possíveis alternativas para comandar a seleção italiana, dentre os principais, Fabio Cannavaro, o que significa que Gennaro Gattuso e Daniele De Rossi correm por fora nessa disputa.

De qualquer maneira, fica claro que até o tempo não está ajudando a Itália, visto que neste período recente Antonio Conte anunciou sua permanência no Napoli, Carlo Ancelotti aceitou o desafio de liderar a Seleção Brasileira na Copa de 2026, Massimiliano Allegri retornou ao Milan, Simone Inzaghi transferiu-se ao Al-Hilal, e Gian Piero Gasperini substituirá Claudio Ranieri na Roma. Em outras palavras, opções que, certamente, estariam no radar da FIGC, uma vez que estrangeiros estão fora de cogitação.

Isto posto, fica evidente a fase que aflige a Itália é pra lá de crítica a um ano da Copa do Mundo, a ponto da derrota pelo placar mínimo contra o Uruguai em junho de 2014 na Arena das Dunas se prolongar ainda mais como a última aparição dos italianos no torneio.

A ver!

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