Três vitórias, 1 derrota, 7 gols marcados e 3 sofridos. O desempenho da Inglaterra nos quatro primeiros jogos sob o comando de Thomas Tuchel passa a impressão de um promissor trabalho em meio aos 75% de aproveitamento.
Entretanto, a realidade é totalmente oposta, visto que a Inglaterra voltou algumas casas no tabuleiro que a separa da Copa de 2026 desde a chegada de Thomas Tuchel. Sim, é necessário enfatizar que o ex-técnico do Bayern de Munique estreou à frente do English Team em março deste ano, o que significa que ele teve pouquíssimo tempo para implementar a sua filosofia de jogo na seleção.
Da mesma forma, Thomas Tuchel não pode reclamar da escassez de tempo, isso porque ele foi anunciado como treinador da Inglaterra em outubro do ano passado, mas preferiu assumir o cargo apenas em janeiro de 2025, abrindo mão de duas Datas FIFA, quatro jogos, e três essenciais meses de trabalho, sobretudo para um técnico que jamais havia comandado uma seleção ao longo da carreira.
A única explicação para isso são termos contratuais, já que ao começar este novo ciclo no último mês janeiro o vínculo assinado entre Thomas Tuchel e a seleção inglesa, que terminará após a Copa do Mundo de 2026, foi formalizado com a validade de um ano e meio. Seja como for, o sucessor de Gareth Southgate terá mais dez jogos, sendo cinco pelas Eliminatórias, além de outros cinco amistosos, na caminhada rumo ao Mundial, é claro, se os Three Lions se classificarem.
Portanto, Thomas Tuchel teve o total de 14 partidas, somando as quatro já disputadas, para tornar a Inglaterra capaz de brigar pela segunda estrela em 2026. Ou seja, uma difícil missão que, se aliada ao fato de substituir o treinador que conduziu o selecionado inglês à duas finais de Eurocopa e a uma semifinal de Copa do Mundo, se torna ainda mais, sobretudo para um estrangeiro.
Thomas Tuchel é o primeiro alemão e o terceiro estrangeiro a comandar a Inglaterra até hoje, lembrando que ele nunca dirigiu nenhuma seleção no decorrer da carreira.
Consequentemente, a Inglaterra até vem batendo recordes com Thomas Tuchel à beira do campo, porém negativos, a exemplo da primeira derrota sofrida pelo English Team para seleções africanas após 21 jogos, em razão da queda por 3 a 1, de virada, diante de Senegal no City Ground, marcado também por ser o segundo revés dos ingleses em todos os tempos por dois gols de diferença depois de saírem na frente do placar — a única havia acontecido contra o Brasil, em 1995.
Vale ressaltar que antes desta primeira derrota, os comandados de Thomas Tuchel haviam vencido os três compromissos anteriores ante Albânia (2×0), Letônia (3×0) e Andorra (1×0), todos pelas Eliminatórias. Em todo o caso, esperadas vitórias meramente protocolares contra adversários de qualidade técnica bastante inferior, que inclusive mantém os ingleses confortáveis na liderança do K do torneio qualificatório.
Deste modo, a Inglaterra, de Thomas Tuchel, perdeu logo de cara do primeiro oponente de maior nível que teve pela frente. Por sinal, uma derrota por 3 a 1 pra lá de merecida para a ótima seleção de Senegal, que veio seguida do triunfo pelo placar mínimo sobre a modesta Andorra, ambas com os Three Lions apresentando as mesmas deficiências defensivas, lentidão, e pobreza na criação.
Um dos destaques do Crystal Palace na temporada, Dean Henderson recebeu a chance de defender o gol inglês no amistoso contra Senegal, em que o titular Jordan Pickford ficou no banco de reservas.
Os defensores de Thomas Tuchel podem justificar as más atuações dos ingleses por intermédio do estafante final da temporada 2024-25, no qual os jogadores se encontram exaustos, o que não deixa de ser verdade. Ao mesmo tempo, será que não é possível a Inglaterra vencer Andorra de forma convincente, ainda que desgastada fisicamente, assim como Senegal, composta em sua maioria por atletas que jogam na Europa, o fez em pleno City Ground?
A resposta para essa questão se dá através dos gritos de Thuchel Out (Fora Tuchel), proferidos pelos poucos torcedores ingleses que tiveram “estômago” para assistir a derrota em Nottingham — que não recebia um jogo da seleção desde 1909 — até o apito final. Não por um acaso, a sensação é a de que a Inglaterra se arrependeu profundamente em ter escolhido Thomas Tuchel para liderá-la, alimentada pelas passagens aquém das expectativas de Sven-Göran Eriksson e Fabio Capello, os únicos estrangeiros que já ocuparam a função.
A Inglaterra não conquista uma Copa do Mundo desde o inédito título de 1966. Dentre os campeões mundiais, apenas o uruguaios vivem um jejum maior que os ingleses.
De qualquer maneira, ao menos as decepcionantes partidas da Inglaterra nessa última Data FIFA expuseram que algumas ideias de Thomas Tuchel não surtiram o resultado esperado, como as insistências nas manutenções dos veteranos Kyle Walker e Jordan Henderson entre os titulares. Aliás, o ex-volante do Liverpool retornou à seleção inglesa depois de Gareth Southgate já tê-lo tirado.
Por mais que a experiência seja importante, ela não se sobressai em relação a intensidade e o ritmo de jogo. Deste modo, se a Inglaterra precisa de um volante mais marcador para atuar atrás de Declan Rice e Jude Bellingham, ela pode contar com Adam Wharton. Caso contrário, se a ideia for um maior dinamismo, a alternativa responde pelo nome de Connor Gallagher. Em outras palavras, Jordan Henderson, infelizmente, já não entrega o que dele se espera.
E o mesmo vale para Kyle Walker, que no auge dos 35 anos de idade, já não tem a força física como principal aliada, algo que ficou visível na derrota para os senegaleses, em que El-Hadji Malick Diouf o atropelou em campo. A propósito, o lateral-direito caiu muito fisicamente nessa última temporada defendendo as cores do Milan, o que evidencia o erro de Thomas Tuchel ao descartar Trent Alexander-Arnold, Reece James, ou o novato Tino Livramento.
Resumidamente, restando um ano pra bola rolar na Copa de 2026, Thomas Tuchel ainda tem muito o que corrigir na seleção inglesa. Contudo, um risco que tanto ele quanto a FA (Federação Inglesa de Futebol) estavam dispostos a correr. Então, só saberemos se o planejamento foi certo, ou não, após o Mundial.
Aguardemos!