A inacabável temporada da Inter de Milão, enfim, terminou após a derrota por 2 a 0 diante do Fluminense, que resultou no adeus dos italianos nas oitavas-de-final da Copa do Mundo de Clubes da FIFA.
Na realidade, o último duríssimo golpe sofrido pelo clube que até meados de abril vislumbrava repetir o feito da década passada ao faturar a tríplice coroa sob a liderança de José Mourinho, mas viu este sonho se tornar o pior dos pesadelos ao, literalmente, se desmantelar na tenebrosa reta de final de temporada marcada pelas sucessivas quedas na Coppa Italia, na Serie A, na Champions League, e agora no Mundial de Clubes.
Ainda assim, um cenário que se mostra ainda mais devastador pela forma com a qual essa avalanche aconteceu, a começar porque a eliminação nas semifinais da Coppa Italia deu-se após a derrota por 3 a 0 para o rival Milan, que eliminou qualquer possibilidade da Inter de Milão vencer ao menos um Derby della Madonnina na temporada composta por três derrotas e dois empates nos cinco clássicos disputados no período.
Em seguida, veio a perda na batalha pelo scudetto da Serie A, em que os Nerazzurri foram superados pelo Napoli por um mísero ponto na tabela, lembrando que na penúltima rodada a Inter de Milão deixou escapar a enorme oportunidade de faturar o bicampenato italiano, ao cometer o pênalti convertido pelo veterano Pedro nos acréscimos da partida contra a Lazio, que acabou empatada em 2 a 2 no San Siro.
Acabou. 😭
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A minha tabela pela última vez na temporada 2024/25. 📊#SerieA pic.twitter.com/D6vvAR8Ntx
E como se isso ainda não bastasse, oito dias depois a Inter de Milão protagonizou a maior derrota numa final de Champions League ao longo da história em função da goleada por 5 a 0 ante o Paris Saint-Germain, quando os torcedores interista invadiram Munique imaginando que o trauma gerado pelo vice de 2023, em Istambul contra o Manchester City, seria finalmente curado. Só que não!
Entretanto, o drama da Inter de Milão aumentou após a inesperada saída de Simone Inzaghi pouco mais de 72 horas depois do segundo vice da Champions League em três anos. Embora o ex-treinador da Lazio tivesse em mãos uma proposta pra lá de tentadora em termos financeiros por parte do Al-Hilal, os Nerazzurri confiavam em sua continuidade no clube italiano pela quinta temporada consecutiva, o que acabou não acontecendo.
Consequentemente, a Inter de Milão desembarcou em solo norte-americano para a disputa da Copa do Mundo de Clubes com Cristian Chivu no lugar de Simone Inzaghi que, por sua vez, já está no comando do Al-Hilal. Após falhar na tentativa de trazer Cesc Fàbregas, do Como, o treinador romeno foi o nome escolhido pela diretoria interista por ter trabalhado recentemente nas categorias de base do clube, além de conhecê-lo profundamente em razão da longa passagem entre 2007 e 2014 como zagueiro do time.
Apesar disso, essa aposta da Inter de Milão em Cristian Chivu é bastante arriscada, a julgar pela inexperiência do jovem treinador de 44 anos de idade, cujo único trabalho profissional deu-se nas 13 partidas à frente do Parma na temporada passada. Na ocasião, o sucessor de Simone Inzaghi foi contratado pelos Gialloblù com a difícil tarefa de salvá-los do rebaixamento na Serie A, algo que ele conseguiu por intermédio de 3 vitórias, 7 empates e três derrotas.
Una nuova pagina da scrivere 🖊️
— Inter ⭐⭐ (@Inter) June 9, 2025
Cristian Chivu è il nostro nuovo allenatore 🇷🇴#ForzaInter #WelcomeCristian
Mas mesmo em meio a falta de bagagem, Cristian Chivu foi contratado pela Inter de Milão, e quatro jogos depois já sofreu a primeira decepção à beira do campo em virtude da eliminação na Copa do Mundo de Clubes. Por sinal, um desfecho bem diferente em comparação ao do Al-Hilal, de Simone Inzaghi, que classificou-se às quartas-de-final do torneio ao vencer o poderoso Manchester City. Ou seja, um fato que, certamente, aumenta a dor dos Nerazzurri.
Em todo o caso, seria injusto responsabilizar Cristian Chivu pelo insucesso do Mundial, sobretudo considerando as condições físicas e mentais que assola o plantel interista que, da mesma forma que dentro de campo, fora das quatro linhas vive um momento de total instabilidade com Lautaro Martínez e Hakan Çalhanoglu entrando em rota de colisão. Inclusive, o meia turco que está de malas prontas rumo ao Fenerbahce chegou a voltar mais cedo dos Estados Unidos, sem nem ao menos encarar o Fluminense nas oitavas-de-final.
Quem quiser permanecer na Inter, muito bem, vamos lutar. Mas quem não quiser pode ir embora. Precisamos de jogadores que queiram estar aqui. Estamos vestindo uma camisa importante. Precisamos de uma mentalidade de alto nível ou, por favor, vá embora.
Lautaro Martínez, capitão da Inter de Milão
Por mais que Lautaro Martínez não tenha citado o nome de nenhum colega na declaração dada depois da desclassificação na Copa do Mundo de Clubes, a mensagem foi destinada a Hakan Çalhanoglu, que imediatamente se defendeu dizendo que sempre se dedicou e jamais traiu a Inter de Milão. De qualquer maneira, o fato que chamou a atenção nessa polêmica é que o companheiro de ataque do atacante argentino, Marcus Thuram, acabou curtindo essa postagem, o que sinaliza um grupo dividido no clube.
Posteriormente, foi a vez do presidente Giuseppe Marotta sair em defesa de Lautaro Martínez, ao afirmar que as portas da Inter de Milão estão escancaradas para quem quiser sair, é claro, se referindo a Hakan Çalhanoglu. Seja como for, o camisa 20 não foi o único que deixou o restante da delegação mais cedo, visto que Benjamin Pavard, Yann Bisseck e Piotr Zielinsk também o acompanharam naquela oportunidade.
Vale ressaltar que a Inter de Milão já deu início ao processo de reformulação do elenco na própria Copa do Mundo de Clubes, primeiramente, ao liberar os atacantes Joaquín Correa e Marko Arnautovic, e depois ao investir 37 milhões de euros nas contratações de Petar Sucic e Luis Henrique, além de outros 6,3 milhões de euros para garantir a compra em definitivo de Nicola Zalewski junto a Roma.
Deste modo, as expectativas de uma janela de transferências agitada já se confirmam na Inter de Milão tanto quanto a fila de saídas do clube que pretende se desfazer de alguns jogadores com idade igual ou superior a 30 anos. Aliás, diversos são os alvos dos Nerazzurri no mercado, incluindo ex-jogadores de Cristian Chivu no Parma, como são os casos do zagueiro Giovanni Leoni, do meio-campista Adrián Barnabé, e do atacante Ange-Yoan Bonny.
Contudo, ainda que formado por grandes jogadores, é fundamental que o plantel da Inter de Milão seja fortalecido com a vinda de novas peças para rejuvenescê-lo e, em especial, para mudar a energia pesada deixada após uma infindável temporada que, mediante a tantas perturbações, pode perdurar por ainda mais tempo caso um enfático trabalho mental e a renovação do ambiente não ocorram.