Finalista da Copa de 2018 e semifinalista do Mundial de 2022, a Croácia provou, dentre outras coisas, que o espírito combativo dos jogadores continua sendo uma de suas principais armas em campo.
A vitória da Argentina sobre a Croácia por 3 a 0 no estádio Lusail, deixou Lionel Messi a noventa minutos de erguer o caneco mais sublime de sua gloriosa carreira e, de quebra, ocupar o trono de maior ídolo do futebol argentino ao lado de Diego Maradona não somente em função da quem sabe conquista do tri mundial, como também devido a magistral Copa que o camisa 10 vem realizando. Diante disso tudo, já é até póssível escrever alguns livros sobre Messi no Catar.
Mas ao mesmo tempo que o planeta aplaudia Lionel Messi, e os argentinos festejavam a classificação para a sua sexta final de Copa do Mundo, do outro lado se via um povo em silêncio e desolado por conta da perda de mais um Mundial. Obviamente, é natural que a dor de uma eliminação contagie torcedores e jogadores, sobretudo quando ela ocorre em uma semifinal, porém é inegável que os croatas regressarão bastante orgulhosos do Catar.
A melhor campanha dos croatas em Copas deu-se no Mundial de 2018, aonde eles foram vice-campeões após a derrota para a França na final, por 4 a 2.
Vale ressaltar, que a Croácia conseguiu manter a sua proposta de jogo até os trinta minutos iniciais. Apesar de não oferecer perigo algum aos argentinos, os comandados de Zlatko Dalic controlaram as ações da partida até aquele momento – especialmente no meio de campo -, algo similar com o que ocorreu contra o Brasil nas quartas-de-final.
Entretanto o cenário mudou por completo assim que Lionel Messi abriu o placar através de uma cobrança de pênalti, aos 34 minutos da primeira etapa. A partir deste gol, a Croácia passou a deixar espaços em campo pela necessidade de ir em busca do empate, o que tornou a defesa vulnerável e permitiu com que Julián Álvarez marcasse mais duas vezes a favor da Argentina.
Marcado pela paciência, garra e disciplina tática, o triunfo da Croácia frente o Brasil nas quartas-de-final da Copa de 2022 é considerado um dos maiores resultados dos croatas em Mundiais.
Assim, apesar de seu meio de campo pra lá de qualificado tecnicamente com Marcelo Brozovic, Mateo Kovacic e Luka Modric, além de uma fortíssima defesa composta pelos talentosos jovens Dominik Livakovic e Josko Gvardiol, a Croácia viu tanto Lionel Messi quanto o baixo poderio ofensivo do time – um problema não solucionado desde a aposentadoria de Mario Mandzukic -, determinarem a sua queda nas semifinais da Copa do Mundo de 2022.
Contudo, a trajetória da Croácia no Mundial do Catar é digna de aplausos, a julgar que o país de quase quatro milhões de habitantes chegou em sua terceira semifinal de Copa em seis edições disputadas desde a sua estreia em 1998, ou seja, em termos de comparação, o mesmo número de participações da Inglaterra neste estágio da competição, lembrando que os balcãs superaram ninguém menos do que a seleção mais vezes campeã do mundo nas quartas-de-final.
Por fim, o que novamente não faltou aos croatas neste Mundial foi garra e união, características derivadas de um passado forjado em guerras, que nunca os faz desistir da batalha independente de quem seja o adversário. À vista disso, encerro o artigo com a frase do atacante Ante Budimir, que nasceu na Bósnia mas cresceu na Croácia em virtude dos conflitos na região, dita em entrevista concedida no ano anterior: “Ter vivido uma guerra nos ajuda em campo”.