O interesse da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) por Carlo Ancelotti já faz parte do passado, pois o que existe no momento é uma verdadeira obsessão em tê-lo como treinador, a julgar que o presidente da entidade, Edinaldo Rodrigues, aceitou a hipótese de esperar até junho do ano que vem, época em que se encerra o vínculo do técnico italiano junto ao Real Madrid, para finalmente o contratá-lo.
Pois é, e enquanto isso a Seleção Brasileira seria comandada pelo filho de Carlo Ancelotti, Davide, de apenas 33 anos de idade, que recentemente adquiriu todas as licenças da UEFA para se tornar treinador, lembrando que esta seria uma das exigências do técnico do Real Madrid para ajudá-lo no processo de transição.
Não obstante, o narrador da TV Globo, Luís Roberto, disse que ainda existe a possibilidade de Carlo Ancelotti assumir a Seleção Brasileira em janeiro de 2024. Todavia, esta condição se apresenta praticamente nula, a não ser que o Real Madrid realize um péssimo começo de temporada, que incluiria uma improvável queda na fase de grupos da Champions League. Logo, a tendência é que a negociação seja realmente efetivada no meio do próximo ano, às vésperas do início da Copa América.
Seja como for, também é necessário considerar o outro cenário, isto é, o Real Madrid conquistando títulos, fazendo grandes jogos e boas campanhas na temporada 2023/24 e, consequentemente, Carlo Ancelotti recebendo uma nova proposta para renovar o seu contrato, algo plausível para um treinador que não tem nenhum vínculo firmado de forma oficial com a Seleção Brasileira que, até então, estaria sendo dirigida por um “aprendiz”.
Obviamente, Davide Ancelotti pode vir a se tornar um grande treinador no futuro, afinal, ele tem um dos melhores professores do mundo à disposição, mas a realidade é que no atual contexto ele não está preparado, e ainda lhe falta experiência suficiente para liderar a seleção mais vezes campeã mundial, dona de uma camisa extremamente pesada, e repleta de craques.
Além disso, é essencial para qualquer seleção passar por todo processo das Eliminatórias para chegar plena em uma Copa do Mundo. No Brasil, muitos torcedores não pensam assim pois o que vale é ser campeão e não importa como, porém é indispensável que um planejamento seja seguido neste ciclo de quatro anos, até para o conforto e confiança por parte dos jogadores, ainda que a Seleção Brasileira domine com sobras o futebol sul-americano.
Por este motivo, essa espera por Carlo Ancelotti se mostra completamente equivocada, sobretudo porque neste período sem um treinador à beira do campo os pentacampeões mundiais terão dificílimos embates contra Uruguai e Colômbia fora de casa, além da Argentina em seus domínios, pelas Eliminatórias. Inclusive, este duelo frente os atuais campeões mundiais promete ser tenso depois da derrota do Brasil na final da edição anterior da Copa América em pleno Maracanã, e do jogo da pandemia não disputado na Neo Química Arena.
Desde a saída de Telê Santana ao término da Copa do Mundo de 1986, a Seleção Brasileira não passava seis – ou mais – meses sem um treinador no cargo.
Particularmente, não sou favorável a contratação de um treinador brasileiro em virtude da ausência de um mísero bom nome – Fernando Diniz, Dorival Júnior e Renato Portaluppi, nunca me agradaram, assim como o antecessor Tite.
Portanto, na minha opinião o ideal seria a CBF ir em busca de opões acessíveis no exterior – como Jorge Jesus -, e digo isso porque Josep Guardiola, Jurgen Klopp ou José Mourinho, negariam no ato um convite para assumir o Brasil e qualquer outra seleção, pois ao contrário do que ocorre em nosso país, os melhores técnicos europeus preferem trabalhar em grandes clubes.
Deste modo, outra alternativa seria oferecer uma proposta ao treinador do Palmeiras, Abel Ferreira, certamente, o mais capacitado para assumir o cargo na atualidade, embora seja sempre imprescindível frisar que todo este embróglio envolvendo o futuro comandante da Seleção Brasileira é fruto do gigantesco despreparo da CBF, que já havia sido comunicada sobre a saída de Tite antes do início da Copa do Catar.
À vista disso, o episódio “a espera por Ancelotti”, é somente mais um na extensa lista de vexames da Confederação Brasileira de Futebol.