Pelo placar mínimo, o Chelsea caiu diante do Aston Villa em pleno Stamford Bridge na rodada passada da Premier League, e sofreu a sua terceira derrota em seis jogos disputados pela competição, resultado que o manteve estacionado na 14ª posição da tabela.
Por este motivo, a sensação é a de que a temporada anterior ainda não passou para o Chelsea, apesar da chegada do técnico Mauricio Pochettino e dos mais de 460 milhões de euros investidos pelos Blues em contratações na última janela de transferências que, se somados aos valores gastos em janeiro, ultrapassam a casa do bilhão.
Ainda assim, é importante salientar que o desempenho do Chelsea era melhor neste mesmo estágio da última temporada, a julgar que o time na época comandado por Thomas Tuchel encerrou a 6ª rodada da Premier League no sexto posto da classificação contabilizando 10 pontos (3V – 1E -2D), cinco a menos em relação ao então líder Arsenal, lembrando que 13 pontos separam os Blues do atual primeiro colocado do campeonato, Manchester City.
Assinalando 25 pontos, Chelsea e Everton são os clube que ostentam a pior pontuação dentre todos os participantes da Premier League em 2023 (desconsiderando rebaixados e recém-promovidos).
Diante deste cenário, fica claro e evidente porque a pressão sobre Mauricio Pochettino já é gigante depois de míseros 87 dias à frente do Chelsea. Logo, não chamará a atenção se a diretoria do clube que teve três treinadores ao longo da temporada 2022-23 promover uma troca no comando da equipe antes do término do 1º turno da Premier League.
Contudo, por mais que o início de Mauricio Pochettino no Chelsea não seja bom, ele deve ser relevado em função do processo de reconstrução que o clube atravessa sob a gestão de Todd Boehly. Por sinal, Reece James, Ben Chilwell e Thiago Silva são os únicos remanescentes do time campeão da Champions League em 2021, quer dizer, um retrato perfeito do enorme desmanche sofrido pelos Blues em um curto período de dois anos.
Portanto, independentemente de Mauricio Pochettino, qualquer treinador que dirigisse o Chelsea neste momento precisaria de tempo para fazer essa “nova engrenagem” funcionar, o que se subentende que será necessário bastante paciência por parte dos torcedores, ou seja, algo que inexiste pelos lados do Stamford Bridge, vide as vaias recebidas pelos Blues depois das recentes derrotas ante Nottingham Forest e Aston Villa, ambas por 1 a 0.
E como não poderia deixar de ser, esse clima de insatisfação vindo das arquibancadas assola os jogadores dentro de campo, em especial os recém-contratados como é o caso de Nicolas Jackson, que já recebeu o montante de cinco cartões amarelos nas seis primeiras rodadas da Premier League, isto é, um número elevadíssimo de advertências em se tratando de um centroavante.
Aliás, a enorme dificuldade do Chelsea em balançar as redes também é decorrente dessa pressão externa, uma vez que os Blues até criam oportunidades durante os jogos mas pecam na hora de convertê-las em gols. Não à toa, ao mesmo tempo que os pupilos de Mauricio Pochettino são donos do 3º pior ataque da Premier League com apenas cinco tentos marcados – juntamente com Everton, Fulham, Bournemouth e Sheffield United -, eles são os líderes de grandes chances perdidas no campeonato ao lado do Brentford – os dois com 15.
Além disso, a nona melhor campanha como mandante do Chelsea na Premier League, em virtude dos quatro pontos conquistados nas quatro partidas realizadas em seus domínios até aqui, expõe que o Stamford Bridge deixou de ser hostil aos adversários como era entre 2005 e 2022, época em que o clube venceu 19 notáveis títulos, ainda mais se considerarmos que os Blues têm o plantel mais jovem da atual edição da liga inglesa, cuja média de idade é 23,1 anos.
E o recorde do Chelsea de 86 jogos consecutivos sem perder em casa pela liga fica mais intacto que nunca.
— PL Stats Brasil (@brazil_pl) January 21, 2021
Stamford Bridge foi uma fortaleza entre 2004-2008.??? pic.twitter.com/7QkcJpZmzG
Logo, o fato dos Blues se distanciarem da torcida nas próximas duas rodadas da Premier League, onde eles visitarão Fulham e Burnley, respectivamente, será útil neste turbulento momento, até porque tratam-se de dois oponentes que brigam na parte debaixo da tabela, o que significa que o Chelsea apresenta totais condições de retornar destes confrontos com alguns pontos na bagagem.
Em contrapartida, caso isso não aconteça, é certo que o reencontro do Chelsea junto aos seus torcedores pela Premier League será tomado por uma pressão ainda maior, tendo em vista que a equipe do oeste de Londres receberá o Arsenal em seu próximo compromisso no Stamford Bridge.
Na realidade, a sequência dos Blues após a segunda data Fifa da temporada não será nada fácil, já que depois do Arsenal eles enfrentarão Brentford (c), Tottenham (f), Manchester City (c), Newcastle (f), Brighton (c) e Manchester United (f), até adentrar a uma tranquila série de partidas composta por Everton (f), Sheffield United (c), Wolverhampton (f), Crystal Palace (c) e Luton Town (f).
Deste modo, não restam alternativas para a torcida do Chelsea que não compreender a atual fase do clube e apoiá-lo, ou então, será iminente o risco deste ciclo que inclui diversas contratações e trocas de técnicos se repetir novamente nesta temporada e, o pior, com os londrinos brigando diretamente contra o rebaixamento na Premier League.