A nova geração do futebol holandês

Depois de assistir a Eurocopa 2016 e a Copa do Mundo de 2018 pela televisão, a Holanda, atualmente comandada por Ronald Koeman, está de volta ao caminho do sucesso. Isso porque a Laranja Mecânica conseguiu a façanha de classificar-se às semifinais da Liga das Nações da UEFA, após deixar para trás as poderosíssimas França e Alemanha, ou seja, as duas últimas campeãs mundiais.

Não disputar um Mundial não é nenhuma surpresa para a Holanda, afinal, o futebol holandês vive de ciclos, dependendo sempre do surgimento de novas gerações de jogadores, e quando essa safra de atletas não “sai do forno”, a Oranje sente as consequências ficando fora de competições internacionais. Mas como pode um país tão pequeno quanto a Holanda, expor tantos talentos ao mundo da bola? Realmente, essa uma questão difícil de responder! Até por esta razão, costumo comparar os holandeses aos uruguaios, que mesmo pertencendo a uma nação composta por uma população pouco numerosa (3 milhões de habitantes), são capazes de revelar inúmeros atletas qualificados.

Este fator explica claramente porque a Laranja Mecânica não participou da Euro 2016 e da Copa de 2018, mesmo depois de ser 3ª colocada no Mundial do Brasil, em 2014. O envelhecimento da consagrada geração formada por Arjen Robben, Wesley Sneijder, Robin van Persie e Dirk Kuyt, obrigou a Holanda a achar substitutos à altura destes craques, exigindo da KNVB (Federação Holandesa de Futebol) uma missão quase impossível. Entretanto, a chegada de Ronald Koeman ao comando da Oranje, aliado ao surgimento de uma nova safra de talentosos jogadores, mudou totalmente os rumos da seleção.

Um ano após ser demitido do Everton, Ronald Koeman aceitou o desafio de dirigir a Holanda.
Quatro meses após ser demitido do Everton, Ronald Koeman aceitou o desafio de dirigir a Holanda. O ex-zagueiro da seleção holandesa, cujo contrato é válido até 2022, é o sétimo treinador da Laranja Mecânica nos últimos oito anos.

O primeiro trunfo dos pupilos de Ronald Koeman, foi a inesperada classificação às semifinais da Liga das Nações da UEFA, dado que eles estavam situados no mesmo grupo que França e Alemanha. Em quatro partidas disputadas pela primeira fase do torneio continental, a Holanda obteve duas vitórias, um empate e sofreu apenas uma derrota na competição. Dividindo a liderança do grupo junto com os franceses, ambos somando 7 pontos ganhos, os holandeses só avançaram de fase graças ao saldo de gols, que foi superior ao dos atuais campeões do mundo (4 gols de saldo da Holanda, contra nenhum da França).

Vale ressaltar ainda, que a vaga dos holandeses às semifinais da Liga das Nações da UEFA, foi conquistada somente no final do confronto diante da Alemanha, em Gelsenkirchen. Na ocasião, os alemães venciam o duelo por 2 a 1, porém aos 45 minutos da segunda etapa, Virgil van Dijk igualou o marcador em 2 a 2, garantindo assim, o ponto que classificou a Laranja Mecânica à próxima fase do torneio. Por essas e outras, o zagueiro do Liverpool já é considerado o principal nome da seleção da Holanda na atualidade.

O zagueiro Virgil van Dijk, que estava atuando de atacante nos minutos finais do embate frente à Alemanha, garantiu a classificação dos holandeses às semifinais da Liga das Nações da UEFA.
O zagueiro Virgil van Dijk, que estava atuando de atacante nos minutos finais do embate frente à Alemanha, garantiu a classificação dos holandeses às semifinais da Liga das Nações da UEFA.

A jovem seleção holandesa tem média de 25,5 anos de idade, e nenhum grande craque no elenco. Os dois jogadores de maior destaque na Laranja Mecânica, são o zagueiro Virgil van Dijk e o volante Georginio Wijnaldum, ambos do Liverpool. De resto, o selecionado de Ronald Koeman é composto por atletas como Memphis Depay, Kenny Tete, Quincy Promes e Marten de Roon, que atuam por clubes mais modestos do futebol europeu (Lyon, Sevilla e Atalanta). Além deles os “veteranos” Ryan Babel (31), Daley Blind (28) e Jasper Cillessen (29) dão maior maturidade ao time, enquanto os jovens Matthijs de Ligt (19) e Frenkie de Jong (21) completam a nova versão da Holanda.

Por não ter disputado a Copa do Mundo de 2018, a seleção holandesa precisava dar aos seus torcedores uma resposta imediata, e foi exatamente isso que os comandados de Ronald Koeman fizeram ao superar o Grupo da Morte da Liga das Nações da UEFA. Obviamente, a Holanda lutará pelo título do torneio, porém o grande objetivo da Oranje é erguer a taça da Eurocopa de 2020, conforme palavras do próprio zagueiro Virgil van Dijk, confira:

"Se pudermos vencer a Liga das Nações, lógico que será fantástico, mas todos nós queremos 
ganhar a Eurocopa 2020, porque só assim deixaremos o nosso país orgulhoso."

Em dez jogos à frente do combinado holandês, Ronald Koeman coleciona quatro vitórias, quatro empates e duas derrotas, um bom desempenho se levarmos em conta que desde a sua chegada na seleção, ele encarou fortes adversários como França, Alemanha, Portugal e Bélgica. Atual 15ª colocada no ranking da FIFA, a Holanda voltará aos gramados apenas em 2019, ano em que irá encarar Portugal nas semifinais da Liga das Nações da UEFA. Diante deste cenário, fica evidente que os holandeses formaram uma nova geração que poderá render ótimos frutos no futuro, e para nós, amantes do futebol, isso é algo muito bom, pois uma Copa do Mundo sem a Laranja Mecânica perde totalmente o charme, vide o Mundial da Rússia.

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