Mais um gringo no Morumbi

Depois de realizar uma verdadeira sabatina com diversos treinadores, a diretoria do São Paulo definiu que o argentino Hernán Crespo, ex-Defensa y Justicia, será o sucessor de Fernando Diniz no comando técnico do time.

Desde a demissão de Fernando Diniz no início do mês, o São Paulo realizou entrevistas com uma dezena de treinadores – todos estrangeiros -, dentre eles, o argentino Guillermo Barros Schelotto, além dos portugueses Bruno Lage e Pedro Martins. E após esta série de reuniões, a cúpula diretiva são-paulina decidiu que Hernán Crespo, de 45 anos de idade, dirigirá a equipe nas próximas duas temporadas. Junto dele, mais cinco profissionais chegarão ao Morumbi para integrar a comissão técnica da equipe.

Todavia, esta escolha por parte da diretoria não empolgou os torcedores são-paulinos, especialmente porque Hernán Crespo acumula mais revezes do que triunfos ao longo de sua curta trajetória fora das quatro linhas. Considerando todos os 85 jogos na carreira de Crespo como treinador – à frente de Modena, Banfield e Defensa y Justicia -, o argentino coleciona 28 vitórias, 21 empates e o montante de 36 derrotas, obtendo assim, um pífio aproveitamento de 32,9%. Além disso, a falta de experiência do novato técnico também é algo que preocupa boa parte da torcida.

Logo, o único aspecto que motiva os tricolores é a sólida carreira de Hernán Crespo como atleta profissional, lembrando que o novo comandante do São Paulo atuou por grandes clubes europeus, como são os casos de Inter de Milão, Chelsea e Milan, pelos quais ele faturou três scudettos do Calcio (2007, 2008 e 2009) e um caneco da Premier League (2006). Ademais, é importante salientar que Crespo também brilhou defendendo as cores da seleção argentina, tanto é, que o ex-atacante disputou os Mundiais de 1998, 2002 e 2006.

Diante deste cenário, fica evidente que Hernán Crespo é uma grande aposta do São Paulo. Aliás, ele será o sexto treinador argentino a comandar o time na história, visto que Armando Renganeschi, Tito Rodrigues, José Poy, Jim Lopes e Edgardo Bauza já passaram anteriormente pelo Morumbi, sendo que Poy foi o que permaneceu mais tempo no cargo contabilizando 422 partidas à frente da equipe. Já nos últimos dez anos, três estrangeiros dirigiram o Tricolor. Tratam-se de Juan Carlos Osorio, Edgardo Bauza e Diego Aguirre. Confira abaixo o desempenho de cada um deles no clube:

  • 2015 – Juan Carlos Osório (12V – 7E – 9D) – 51% de aproveitamento
  • 2016 – Edgardo Bauza (17V- 13E – 18D) – 46,5% de aproveitamento
  • 2018 – Diego Aguirre (19V- 15E – 9D) – 55,8% de aproveitamento

Curiosamente, Diego Aguirre, o técnico estrangeiro com o melhor aproveitamento à frente do São Paulo nos últimos dez anos, foi o único demitido do cargo, tento em vista que tanto Juan Carlos Osorio quanto Edgardo Bauza deixaram o Tricolor para dirigirem os selecionados de México e Argentina, respectivamente. E apesar de Patón Bauza ser dono da pior performance dentre os três treinadores citados, ele é o que mais deixou saudades aos são paulinos por ter conduzido os tricampeões mundiais às semifinais da Copa Libertadores de 2016.

Pois é, mas apesar do desempenho ruim no currículo, Hernán Crespo tem a seu favor o fato de ter conquistado a Copa Sul-Americana de 2020 no comando do Defensa y Justicia, e detalhe, o time argentino venceu a competição de forma invicta. A propósito, confesso que não assisti muitas partidas do DyJ durante a temporada passada, porém as poucas que acompanhei, justamente pelo torneio continental – as duas contra o Bahia, o jogo de volta diante do Coquimbo pelas semifinais, e a final frente o Lanús – notei algumas características do estilo de jogo da ex-equipe de Crespo.

A começar, o Defensa y Justicia, de Hernán Crespo, atuava com suas linhas altas, com praticamente todos os seus jogadores no campo do adversário e sufocando a saída de bola do oponente. Na ocasião, percebi que o conjunto de Florencio Varela atacava no 3-2-5, enquanto sem a redonda nos pés, o esquema utilizado era o 4-4-2. Sob a batuta de Crespo, o time jogava de maneira ofensiva, sempre de forma vertical, propondo o jogo a todo o momento, apresentando bastante intensidade, pegada, além de rápidas transições, isto é, saindo rapidamente da defesa para o ataque.

Entretanto, toda esta ofensividade deixava vulnerável o setor defensivo do Defensa y Justicia, não à toa, quando a bola não era recuperada no ataque os zagueiros ficavam expostos no um contra um. Isso explica porque o DyJ foi vazado 41 vezes em 32 jogos. Contudo, o sucesso de Hernán Crespo no São Paulo não dependerá somente do futebol praticado em campo, mas também de outros pontos como por exemplo, se ele saberá lidar com a pressão de trabalhar em um clube grande há tanto tempo na fila e com pouco dinheiro no caixa. Aguardemos!

1 Comentário

  1. William Batista Responder

    Com esse técnico e esse timinho vai continua sem ganha nada nesse ano.

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