Como já era esperado o “All-In” dado pelo presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, para contratar Carlo Ancelotti não surtiu efeito, uma vez que o treinador italiano optou pela continuidade no Real Madrid ao renovar o seu contrato por mais duas temporadas.
A propósito, ao contrário de boa parte da mídia tupiniquim, que alimentava nas pessoas a falsa ilusão de que Carlo Ancelotti comandaria o Brasil, eu sempre deixei claro, seja através de cada artigo escrito aqui no SoccerBlog, seja por intermédio de cada vídeo postado em nosso canal no YouTube, que isso não aconteceria, obviamente, baseado em tudo o que vinha sendo noticiado pelos principais portais espanhóis, e por saber que treinadores do mais alto escalão internacional preferem trabalhar em grandes clubes europeus, já que a relação deles junto às seleções de seus respectivos países é diferente da dos brasileiros.
Seja como for, o tempo escancarou o que estava mais do que evidente, ao passo que o pífio desempenho de Fernando Diniz à frente do Brasil acabou sendo preponderante para a sua precoce queda, lembrando que o técnico do Fluminense colecionou duas vitórias, um empate e três derrotas em sua trajetória relâmpago de seis jogos pelo selecionado pentacampeão mundial.
Assim, aproveitando o fato de ter reassumido a presidência da CBF por meio de uma liminar do STF (Supremo Tribunal Federal), Ednaldo Rodrigues sacramentou a demissão de Fernando Diniz – corrigindo uma escolha que se provou errada em um curto espaço de tempo – para contratar Dorival Júnior, colocando um fim na ideia de apostar na vinda de um técnico estrangeiro para a seleção.
Aliás, historicamente a CBF nomeia treinadores que realizam bons trabalhos no certame do futebol nacional para dirigir o Brasil, o que significa que a decisão de trazer Dorival Júnior para suceder Fernando Diniz não é nenhuma invenção, muito pelo contrário, acredito que o ex-técnico do São Paulo deveria ter sido escolhido antes de Diniz, sobretudo para realizar uma transição mais tranquila para Carlo Ancelotti, aquele que Ednaldo Rodrigues achava que ocuparia o cargo a partir deste meio de ano.
Logo, o bom trabalho desenvolvido por Dorival Júnior em suas passagens por Flamengo e São Paulo, composto por títulos e jogos marcantes, o credenciaram para assumir a Seleção Brasileira e liderá-la na Copa do Mundo de 2026 – sim, certamente o Brasil se classificará ao próximo Mundial que terá 48 participantes.
Ademais, a principal similaridade entre Carlo Ancelotti e Dorival Júnior é justamente a boa condução de ambos no que diz respeito a gestão de grupo, uma qualidade que também acompanhava o comandante da Seleção Brasileira nas últimas duas Copas do Mundo, Tite. Outro detalhe interessante, é que o trio tem os filhos integrando as suas comissões técnicas como auxiliares – nada contra isso, é apenas uma informação.
Em quase 110 anos de existência, a Seleção Brasileira só teve três treinadores estrangeiros no comando. Tratam-se de Ramón Platero, Joreca e Filpo Nuñez.
Contudo, as questões que ainda me incomodam em toda essa situação giram em torno da total falta de capacidade de Ednaldo Rodrigues para definir o rumo da Seleção Brasileira. Qual o conhecimento dele para chegar a conclusão de que Fernando Diniz era o treinador certo para passar o bastão para Carlo Ancelotti e, agora, Dorival Júnior? O que ele entende de futebol, sistemas de jogo, análise tática, conceitos técnicos?
Pois é, e sabendo da abordagem personalista e individualista de Ednaldo Rodrigues, que não consulta ninguém até porque a Seleção Brasileira não tem um diretor de futebol, creio que trata-se de um enorme erro o atual mandatário da CBF tomar uma decisão que não lhe compete mais, até porque o mais prudente neste momento seria ele organizar uma eleição para que a paz política seja novamente reestabelecida na entidade que segue cada vez mais desmoralizada.
De qualquer maneira, os desafios de Dorival Júnior começarão cedo na Seleção Brasileira, a julgar que daqui a dois meses teremos os amistosos diante de ingleses e espanhóis, em Wembley e Madrid, respectivamente. Quer dizer, duas pedreiras logo de cara, porém se considerarmos o recente trabalho de Fernando Diniz, concluiremos que pior do que está não dá pra ficar.
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— CONMEBOL.com (@CONMEBOL) November 22, 2023
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Por sinal, Dorival Júnior terá de lidar com uma situação inusitada neste seu início na Seleção Brasileira, isso porque ele rapidamente conseguiu os resultados que precisava no curto prazo em suas recentes passagens por Flamengo e São Paulo, enquanto pelo Brasil o seu trabalho visa a Copa do Mundo de 2026, isto é, o longo prazo, uma condição que pouco vimos em seus últimos clubes, onde o treinador de 61 anos de idade mais serviu como uma espécie de bombeiro para “apagar incêndios”.
Em todo o caso, acho que a escolha por Dorival Júnior foi a melhor de acordo com o atual cenário do futebol brasileiro, embora também mantenho a opinião de que a decisão não deveria partir única e exclusivamente de Ednaldo Rodrigues. Ainda tenho a preferência por Abel Ferreira, mas como sei que técnicos europeus não vislumbram trabalhar em seleções, tenho total convicção de que ele só sairá do Palmeiras quando um grande clube do Velho Continente aparecer no seu radar.
Portanto, por ter quebrado paradigmas ao conquistar importantes títulos por Flamengo e São Paulo, por ser um técnico respeitado entre os jogadores brasileiros e, que contrariamente a Fernando Diniz, não demanda um longo tempo de treinamento e de convencimento para que os atletas executem as suas ideias de jogo, penso que o novo Carlo Ancelotti da CBF, Dorival Júnior, possa trazer a estabilidade que o Brasil tanto precisa.